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Capital

Réu por matar "tia" de consideração "mentia descaradamente", diz delegado

Carlos Fernandes está sendo julgado por matar Márcia Catarina Lugo Ortiz, em 2021

Por Silvia Frias e Bruna Marques | 18/03/2024 11:22
Carlos Fernandes ouve depoimento do delegado João Reis, que comandou investigação (Foto: Marcos Maluf)
Carlos Fernandes ouve depoimento do delegado João Reis, que comandou investigação (Foto: Marcos Maluf)

Mesmo com a versão caindo por terra, Carlos Fernando Soares, 35 anos, insistia que não tinha envolvimento na morte de Marcia Catarina Lugo Ortiz. “Ele mentia descaradamente”, disse o delegado João Reis, responsável pela investigação do crime, ocorrido em 2021, e que hoje prestou depoimento durante o julgamento do réu.

O julgamento está sendo realizado pela 1ª Vara do Tribunal do Juri, depois de quatro adiamentos da sessão. Carlos é acusado de homicídio qualificado, dissimulação, ocultação de cadáver e fraude processual.

Márcia Lugo foi encontrada morta no dia 8 de outubro de 2021, pouco mais de 12 horas após desaparecer.  O corpo estava debaixo de uma ponte sobre o Córrego Imbirussu, na BR-262, em Campo Grande.  O réu foi preso no dia 15 de outubro daquele ano, depois de vários indícios apontarem que ele seria o autor do homicídio.

Carlos sempre negou o crime, dizendo que ela foi morta ao defendê-lo de “China”, um agiota para quem o réu devia dinheiro. Depois disso, foi rendido e presenciou quando o corpo teria sido jogado no córrego.

A suspeita inicial era de envolvimento do marido da vítima, mas o foco se voltou para Carlos depois que ele não foi ao velório de Catarina e nem se apresentou à polícia.

Guilherme Ortiz, marido da vítima, chora durante julgamento (Foto: Marcos Maluf)
Guilherme Ortiz, marido da vítima, chora durante julgamento (Foto: Marcos Maluf)

“Tivemos cuidado de fazer todo o percurso que Carlos disse ter feito antes da morte da vítima, passamos rua por rua. Até certo ponto foi confirmado, dali pra frente o trajeto já não bate”, disse o delegado. Na investigação, a Polícia Civil teve acesso ao telefone do agiota e o GPS dele demonstrou que ele nunca passou pelas ruas indicadas pelo outro.

“Era impossível China estar na cena do crime como Carlos descreveu e cada hora que era confrontado com as provas ele se mostrava surpreso, mudava de versão, mentia descaradamente”, afirmou o delegado durante o depoimento, esta manhã.

Carlos também tentou apagar imagens que mostravam que mandou lavar o carro usado no crime e contratou pessoa para deletar imagens que o comprometiam. Além disso, nem foi ao velório para disfarçar. Foi encontrado em Bela Vista do Norte, cidade fronteiriça entre Brasil e Paraguai.

Antes da morte da Márcia, segundo a investigação, o réu havia feito várias transferências do nome dela para o dele. “Ele gastou em festas e roupas, estava na posse dos cartões e torrando o dinheiro”.

Sobre como foi a morte da vítima, o delegado diz que nunca haverá certeza da dinâmica do crime, por não haver testemunhas e ele negar o crime. “O fato é que ele foi a última pessoa a ser vista com a vítima em vida e contou uma história da carochinha”. O que se sabe é com base no trabalho pericial, e acordo com João Reis: Carlos atirou em Márcia quando ele estava no banco do motorista e ela, no passageiro. “Foi a curta distância, à queima-roupa”.

Teatro – A filha de Márcia, Flávia Lugo Ortiz Golin, também prestou depoimento, mas sem a presença do réu que, neste momento, foi retirado do plenário.

Flávia conto que a família achou estranho o sumiço da mãe no dia 7 de outubro de 2021. O pai dela foi até o lava a jato que era de propriedade de Carlos para averiguar a situação, mas o homem disse que não tinha visto Márcia. Ela pediu ajuda aos primos, policiais e a família registrou boletim de ocorrência.

Depois que o corpo foi encontrado, Flávia diz que recebeu ligação de Carlos, desesperado, perguntado se ela sabia de algo. “Fez aquele teatro”. Em outra ligação, insinuou que mulher vingativa poderia ter sido responsável pelo crime, tentando plantar a hipótese de que seria uma das amantes do marido de Márcia, Guilherme Yarzon Ortiz.

“Ele sumiu dois ou três dias, não foi no velório. Aí ele me ligou, falou que queria fazer uma confissão. Eu gravei, ele falava que presenciou a morte da minha mãe”, lembrou Flávia. Foi quando ele contou a versão de que a morte teria sido provocada por agiota.

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