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Capital

Homem que arrastou policial por 1 quilômetro diz que não sabia de atropelamento

Acidente aconteceu no dia 8 de maio de 2022, por volta das 6h30, na Avenida Marechal Deodoro

Por Viviane Oliveira e Bruna Marques | 23/05/2025 11:14
Homem que arrastou policial por 1 quilômetro diz que não sabia de atropelamento
Julgamento ocorreu na manhã desta sexta-feira em Campo Grande. (Foto: Marcos Maluf)

Na manhã desta sexta-feira (23), sentado no banco dos réus na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Landerson Corrêa Teixeira, de 38 anos, tentou se defender da acusação de ter provocado o grave acidente que deixou feridos os primos Edson Máximo Romero Júnior e Karis Marques Ferreira dos Santos.

RESUMO

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Em julgamento em Campo Grande, Landerson Corrêa Teixeira, de 38 anos, negou ter conhecimento do atropelamento que feriu os primos Edson Máximo Romero Júnior e Karis Marques Ferreira dos Santos em maio de 2022. O acusado afirmou não saber que dirigia na contramão e que havia uma pessoa no teto de seu veículo. O caso ganhou repercussão após Landerson arrastar Karis, agente da Polícia Científica, por aproximadamente um quilômetro sobre o capô do carro. Edson, bombeiro militar, sofreu fratura exposta no pé direito. As vítimas contestam a versão do réu, afirmando que seria impossível ele não perceber a presença de Karis no veículo.

Em seu depoimento, afirmou ter deixado o local porque não sabia que havia atropelado os dois. “Eu não tinha ideia do atropelamento e que tinha uma pessoa no teto do meu carro”, declarou, negando também que soubesse estar dirigindo na contramão.  O caso aconteceu no dia 8 de maio de 2022, por volta das 6h30, no cruzamento da Avenida Marechal Deodoro com a Rua Verdes Mares, no Bairro Coophavilla II.

Ao juiz Aluízio Pereira dos Santos, Landerson contou que no dia do fato, havia passado a noite na casa de uma mulher e não conhecia a região onde ocorreu a colisão. Segundo ele, no dia anterior havia consumido três cervejas e, à noite, tomou o medicamento que usa para controlar a ansiedade. “Quando não conseguia dormir, tomava outro”, afirmou.

O Ministério Público acusa Landerson de dirigir na contramão, embriagado, e de ter colidido com a motocicleta ocupada por Edson, bombeiro militar, e sua prima, Karis, agente da Polícia Científica. Após o impacto, segundo a acusação, o motorista continuou a dirigir por cerca de 1 quilômetro com a mulher sobre o capô do Hyndai I-30, até que ela caiu e foi abandonada.

“Não saí correndo. Eu não tinha ideia de ter atropelado alguém e que tinha uma pessoa no teto do meu carro”, declarou. Ele também afirmou que não se recorda de ter trafegado na contramão. “Se eu soubesse que estava na contramão, não teria continuado”, disse.

Durante o depoimento, Landerson admitiu ter omitido algumas informações por medo. “Como eu estava medicado e teve o acidente, e por ter sido uma policial, fiquei com medo de ser coagido. Tem coisa que eu não falei no depoimento para me proteger.”

Ainda segundo ele, no momento em que foi abordado pela polícia parou o carro e acenou com a mão. “A sargento que me atendeu disse que eu tinha atropelado uma policial que estava em coma e o rapaz ia amputar o pé”, contou. O réu afirmou que, na audiência de custódia, também permaneceu em silêncio, temendo sofrer represálias.

Ao longo de seu interrogatório, Landerson afirmou não se lembrar de vários momentos do acidente. Disse apenas recordar de uma batida ao passar por quebra-molas, “como se fosse o para-choque”. “Eu sou um cidadão de bem, tenho família, sempre trabalhei. Não podem pegar 1% do que errei e falar que eu queria matar alguém”, disse, negando ter agido com intenção de causar o acidente.

Homem que arrastou policial por 1 quilômetro diz que não sabia de atropelamento
Edson, que pilotava a moto no dia do acidente, sofreu fratura exposta no pé direito e passou por fisioterapia (Foto: Henrique Kawaminami)

Depoimento das vítimas - Também ouvido nesta manhã, Edson que pilotava a moto atingida pelo carro de Landerson, relatou ter sofrido ferimentos graves, fratura exposta no pé direito, que exigiu cirurgia e fisioterapia intensiva. “É complicado falar sobre esse assunto. Foi um trauma muito grande para mim, tanto pelas lesões físicas quanto pelo impacto emocional de ver minha prima naquela situação”, desabafou antes de começar o julgamento.

Ele contou que, na manhã do acidente, saiu de casa como de costume para levar a prima, Karis Marques Ferreira dos Santos, ao curso de formação na Academia da Polícia Civil. “Chegando próximo à avenida, olhei para o lado esquerdo, de onde deveriam vir os carros. Quando entrei na via, só vi o farol e o vulto do carro. Caí no chão e vi o veículo seguindo na contramão com a minha prima no teto”, relembrou.

Impossibilitado de se levantar, Edson conseguiu pegar o celular do bolso e ligar para o pai, que foi até o local. “Não parou, não prestou ajuda. Me recordo de todo o processo. O Corpo de Bombeiros me atendeu. Quando ele bateu na moto, estava muito rápido, foi um flash. Quando vi minha prima no teto… foi desesperador. Quando minha irmã chegou, falei: vai atrás da Karis, porque eu não sei onde ela está”, relatou. Assista, abaixo, ao vídeo, que mostra a vítima em cima do carro.

Karis prestou depoimento por videoconferência. Ela lembrou que, naquela manhã, seguia com o primo para a Acadepol (Academia de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul). “Estávamos indo pelo mesmo caminho que fazíamos todos os dias. Na hora de fazer a conversão, ele olhou para os lados, não viu ninguém e entrou. Me lembro do clarão, de gritar e depois só de flashes. Procurei um lugar onde pudesse pular sem me machucar. Fiquei no teto do carro por centenas de metros”, contou.

Segundo a policial, ao perceber que não conseguiria sair com segurança, aguardou o carro fazer uma curva, momento em que caiu. “Não parou, não socorreu, nem olhou para trás. Acredito que ele estava em alta velocidade, porque se estivesse devagar, eu teria sentido segurança para pular.”

Questionada se o réu tinha ciência de sua presença sobre o carro, Karis foi categórica: “Acredito que seria impossível ele não saber, porque eu segurava na lateral, com os braços na porta. Como um condutor não percebe uma mão na sua janela?”

As consequências físicas e emocionais foram profundas. “Sofri lacerações na perna, fiquei 10 dias com desequilíbrio, tive a memória afetada. Meu rendimento no curso de formação foi prejudicado. Naquele momento, eu era a primeira colocada e terminei em nono lugar”, relatou. Ela também explicou que precisou realizar a prova física separadamente, dias depois, com a turma de delegados, para ter mais tempo de recuperação. “Corri com os pontos na perna, mas consegui concluir, graças a Deus. Que ele responda pelos atos dele. Justiça!”, afirmou.

O julgamento segue com a expectativa de decisão nas próximas horas.

Homem que arrastou policial por 1 quilômetro diz que não sabia de atropelamento
Para-brisa do Hyundai I-30 ficou destruído e airbag foi acionado após batida. (Foto: Direto das Ruas)

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