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Capital

Som alto provoca guerra entre delegada, moradores de prédio e bar na Capital

Aglomeração e barulho causam choro e desespero de vizinhos e há pedido na Justiça para interdição do local

Por Silvia Frias | 22/05/2025 12:37
Som alto provoca guerra entre delegada, moradores de prédio e bar na Capital
Bar na esquina das ruas da Paz e Rio Grande do Sul, vizinho de muro do condomínio (Foto: Henrique Kawaminami)

“A esquina mais charmosa de Campo Grande”, como consta a localização do Bada Bar nas redes sociais é, hoje, o centro da discórdia entre os moradores de prédio residencial e os donos do estabelecimento. Por conta das reclamações de som alto, baderna e impedimento do trânsito de pedestres, a Polícia Civil protocolou, ontem (21), petição à Justiça, pedindo a interdição judicial do bar até que os problemas sejam sanados.

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Moradores de condomínio em Campo Grande solicitam interdição judicial de bar vizinho por poluição sonora e perturbação. A Polícia Civil protocolou petição na Justiça após denúncias de som alto, baderna e obstrução de calçadas. Síndica relata incômodo a moradores, incluindo crianças, idosos e pessoas com deficiência, com relatos de crises de choro e perturbação mental. O bar, localizado na esquina das ruas da Paz e Rio Grande do Sul, foi alvo de fiscalização da Polícia Militar Ambiental, que constatou níveis de ruído acima do permitido. Apesar da multa e apreensão das caixas de som, os moradores afirmam que a situação persiste. O proprietário do estabelecimento alega possuir as licenças necessárias e diz que buscará adequações junto à prefeitura. A Justiça ainda não se manifestou sobre o pedido de interdição.

A denúncia foi feita por moradores do Condomínio Residencial Park Platinum, encabeçada pela síndica, a delegada Maria de Lourdes Cano, que relatou incômodo sofrido por crianças, idosas e portadores de deficiências, incluindo crises de choro e perturbação mental. O prédio fica na Rua da Paz, ao lado do bar, que fica na esquina com a Rua Rio Grande do Sul.

A petição da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), assinada pela delegada Gabriela Stainle Pacetta, foi encaminhada à 2ª Vara Criminal de Campo Grande em resposta à denúncia de operação de atividade potencialmente poluidora sem a devida licença ambiental. Ainda não há resposta judicial para o pedido de interdição.

Em depoimento à polícia, o proprietário, Arthur Bessa diz que tem todas as licenças e que irá entrar com pedido adicional no Município para incluir atividade de “bar com entretenimento”.

Som alto provoca guerra entre delegada, moradores de prédio e bar na Capital
De cima, a ocupação interna e externa do bar, em foto anexada à petição (Foto/Reprodução)

Transtorno – No dia 29 de março, a PMA (Polícia Militar Ambiental) fez fiscalização no bar. Segundo documentos anexados à petição, a equipe realizou medição no estabelecimento, sendo constatado nível de pressão de 75,42 decibéis, quando o limite máximo para o local e horário era de 44 decibéis, configurando crime ambiental.

Naquela ocasião, a PMA apreendeu as caixas de som, mas mantidas no local, com o proprietário como fiel depositário. Também determinou prazo de 60 dias para adequações e aplicou multa de R$ 10 mil. Mas, segundo os moradores, nada mudou.

A Decat instaurou inquérito e uma investigadora foi até o bar para vistoria, no dia 9 de maio (sábado). Em relatório do dia 14 de maio, consta que a policial chegou por volta das 17h30. “Volume estava suportável, compatível com som ambiente, onde pessoas conseguem conversar tranquilamente. (...) número de pessoas também era normal para um bar”, relatou.

Som alto provoca guerra entre delegada, moradores de prédio e bar na Capital
Tenda montada na calçada, para evento no bar (Foto/Reprodução)

A policial foi embora às 20h, mas voltou às 23h25. “O cenário encontrado foi totalmente diferente, com uma quantidade excessiva de pessoas tanto dentro, quanto fora do bar, utilizando a calçada e até mesmo parte da rua (...) som estava com o volume muito alterado, fazendo com que os clientes dialogassem com tom de voz mais alto, gerando assim um barulho muito elevado, audível a uma distância de 30 metros”.

A investigadora diz que a música perdurou até meia-noite, quando foi desligada e que muitos clientes começaram a ir embora, enquanto os garçons se organizavam para o fechamento do bar. “(...) mesmo ocorrendo essa situação, ainda era visível a permanência de uma quantidade grande de pessoas no local”, descreveu. A policial também disse que havia quantidade elevada de jovens no local e que o estabelecimento colocou mesas e cadeiras nas calçadas e cones nas ruas, para facilitar o estacionamento de frequentadores.

No dia 16 de maio, o dono do bar, Arthur Bessa de Andrade, prestou depoimento na delegacia. Disse que o Bada funciona desde dezembro de 2018, tendo como atividade de bar/restaurante, oferecendo música e, eventualmente, DJ.

Som alto provoca guerra entre delegada, moradores de prédio e bar na Capital
Movimentação no bar, em registro feito em maio (Foto/Reprodução)

Segundo ele, o local tem capacidade para 154 pessoas e, em raras ocasiões houve superlotação. Apresentou alvarás de localização e funcionamento, alvará do Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social), certificado de vistoria do Corpo de Bombeiro e licença sanitária.

O empresário alegou que o alvará de sexta e sábado permite funcionamento até meia-noite e que, a partir das 23h, o som é desligado de vez. Segundo ele, as mesas e as cadeiras ficam dentro do perímetro do bar e que não há prejuízo de trânsito para pedestres.

Arthur Bessa diz que, somente depois da fiscalização da PMA, tomou conhecimento da perturbação da tranquilidade dos moradores do edifício, e que tentou contato com os moradores, sem êxito. O empresário alega que, pela legislação municipal, sua atividade dispensa licença ambiental, mas que estaria providenciando a inclusão da QNAE 5611-2/05 (bar com entretenimento).

Choro – No mesmo dia, a delegada Maria de Lourdes Cano prestou depoimento. Síndica do Condomínio Residencial Park Platinum, afirma que o bar funciona todos os dias da semana e que as atividades ultrapassam o horário da meia-noite e “costumeiramente há superlotação no bar”.

No relato, ela continua: “além do som extremamente alto e dos ruídos insalubres e estridentes, o empreendimento ocupa toda, ou grande parte, da calçada destinada à passagem dos transeuntes (...) impedindo, desta feita, a passagem de pedestres pelas calçadas, e inclusive das pessoas portadoras de deficiências (...). O bar funciona sem cobertura ou aparato de abafamento de som, com as caixas de som voltadas para fora, entrando “pela sala, quartos e demais dependências do apartamento”.

Como síndica, diz que recebeu inúmeras reclamações dos moradores, principalmente dos que moram nos imóveis que fazem frente e lateral com o bar. Nas reuniões, “(...) idosas e também portadoras de deficiência física (...) chegavam em lágrimas a pedir para buscar solução (...) debruçando-se em choros já descontrolados, onde, eram, também, perceptíveis que já estavam afetados fisicamente e mentalmente”.

Som alto provoca guerra entre delegada, moradores de prédio e bar na Capital
Carro de frequentador do bar estacionado na garagem do prédio vizinho (Foto/Reprodução)

A aglomeração também provoca transtornos no entorno, com frequentadores fazendo xixi no estacionamento do condomínio ou obstruindo a garagem, com carros parados irregularmente.

Com base no relato da síndica, denúncias aos órgãos competentes (Semadur, Deops e promotoria do Meio Ambiente), assinatura dos moradores, relatório policial, notificação da PMA, a Decat encaminhou a petição à justiça.

A delegada Gabriela Stainle alega que o proprietário limitou-se a informar que fará a alteração para “bar com entretenimento”, o que permitirá continuar dispensado da licença ambiental, sendo considerada “maliciosa interpretação do proprietário”, pois continuaria com apresentações de DJ em área externa, sem cobertura. Para a delegada, a mudança autorizaria apenas apresentação de voz e violão, em espaço fechado. “Na prática, nada mudará com relação ao equilíbrio do meio ambiente e à saúde dos vizinhos, mostrando total descaso dos proprietários com a lei, em razão da ganância (...)”.

Por isso, a delegada representou pela medida urgente de suspensão da atividade econômica, especificamente pela interdição judicial até que esteja comprovada a regularização da licença ambiental.

A reportagem entrou em contato com o empresário, por meio do seu advogado e aguarda retorno para atualização do texto.

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