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Capital

Rotina sistemática da vítima e entra e sai de casa denunciaram assassinato

José Leonel abria mercearia todos os dias, a partir das 6h30; vizinhos disseram que mais de 10 pessoas foram vistos na casa

Silvia Frias e Clayton Neves | 08/05/2020 10:19
Idoso foi enterrado em uma cova rasa, nos fundos da casa (Foto: Henrique Kawaminami)
Idoso foi enterrado em uma cova rasa, nos fundos da casa (Foto: Henrique Kawaminami)

A rotina sistemática de José Leonel dos Santos, 61 anos, e o entra e sai de pelo menos 10 pessoas após o desaparecimento dele chamaram a atenção dos vizinhos, na Vila Nasser. O idoso havia sido morto a golpes de ferro na cabeça, na madrugada de sábado (2) e o corpo foi enterrado no quintal da casa.

O corpo do idoso foi encontrado na noite de quinta-feira (7) pela equipe da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios), em investigação desencadeada após a irmã de José Leonel registrar o desaparecimento dele.

Pá que pode ter sido usada para enterrar corpo (Foto: Henrique Kawaminami)
Pá que pode ter sido usada para enterrar corpo (Foto: Henrique Kawaminami)

Duas pessoas foram presas pelo crime: Roselaine Tavares Gonçalves, 40 anos e a filha, Yasmin Natasha Gonçalves Carvalho, 19 anos. A polícia está à procura do terceiro envolvido, Cleber de Souza Carvalho, 43 anos, marido e pai das presas.

Hoje de manhã, Yasmin foi levada pela equipe da DEH até o loca do crime para relatar a dinâmica do assassinato, já que ela e o pai participaram da morte. Roselaine, segundo a investigação, auxiliou na ocultação do cadáver. O corpo recebeu camada de cal e foi enterrado em cova rasa.

Segundo informações da Polícia Civil, a família ia negociar o aluguel da edícula nos fundos do imóvel, na Rua Antônio Veloso, mas gostou do imóvel da frente, onde também funcionava a mercearia do idoso.  O idoso foi morto de sexta (1º) para sábado (2) e o corpo foi deixado embaixo de uma mesa, sendo enterrado de manhã. No domingo (3), se mudaram.

Vizinhos estranharam sumiço e carro do idoso ainda estava no quintal (Foto: Henrique Kawaminami)
Vizinhos estranharam sumiço e carro do idoso ainda estava no quintal (Foto: Henrique Kawaminami)

Por isso, pai, mãe e filha arquitetaram o plano para matá-lo e ocultar o corpo, achando que ele não tinha parentes na cidade, mas José Leonel tem filha e irmã residentes em Campo Grande.

José Leonel era baiano, morava no bairro há pelo menos dez anos e tinha hábitos regulares. A quebra da rotina sistemática chamou atenção dos vizinhos, mas que ficaram com medo de perguntar aos novos moradores da casa o que aconteceu. Também chamou atenção o fato do carro dele ainda ter ficado no quintal.

Maria de Fátima Vieira, 60 anos, conhecia a vítima há cerca de 10 anos, tempo em que foram vizinhos na Vila Nasser e estranhou quando ele não abriu a mercearia, o que fazia diariamente, das 6h30 às 20h. “Ele não abria mais desde quinta-feira”, disse. Diz que chegou a ligar no celular dele na segunda-feira (4), mas, ninguém atendeu.

Yasmin confessou crime cometido com pai e ajuda da mãe (Foto: Henrique Kawaminami)
Yasmin confessou crime cometido com pai e ajuda da mãe (Foto: Henrique Kawaminami)

No domingo, começou a ver movimentação estranha na casa e, depois, pelo menos 10 pessoas no imóvel, um “entra e sai de carro e moto a toda hora”, disse. A aposentada disse que ficou desconfiada, mas, com medo, não quis perguntar aos novos moradores o paradeiro de José Leonel.

Somente se deu conta da gravidade quando viu a Polícia Civil na casa e soube do ocorrido. “A gente está sem chão, abalado, aconteceu na nossa cara e a gente não viu”.

 O fechamento da mercearia também chamou a atenção de outra vizinha, Ana Martins, 64 anos. “Ele nunca ficou sem abrir”, disse. A aposentada ficou assustada com a forma como ele foi morto. “Era uma boa pessoa, é muita maldade no coração de quem faz isso, enterrar no quintal”.

Família matou para ficar com imóvel de José Leonel (Foto: Henrique Kawaminami)
Família matou para ficar com imóvel de José Leonel (Foto: Henrique Kawaminami)

Ana disse que a irmã dele chegou a perguntar sobre ele no bairro, preocupada com o desaparecimento. Naquele momento, a vizinha somente pensou que ele poderia ter tido um mal súbito, sozinho, por ter problemas cardíacos.

A dona de casa Laudicéia Rojas Gauna, 40 anos, lembra dos tempos de festa na casa de José Leonel, quando ele promovia festas de forro aos domingos e vendia comidas nordestinas. As noites animadas acabaram depois que ele se separou da esposa, há alguns anos que não soube precisar. “Ficamos horrorizados, a gente nunca acha que vai acontecer uma coisa dessas com pessoas próximas”.

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