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Capital

Segundo Omertà, delegado ocultou provas ao investigar execução de PM reformado

Carro da vítima tinha envelope com prints informando que a sua morte havia sido decretada, diz investigação

Aline dos Santos | 19/06/2020 10:41
Delegado Márcio Obara foi titular da delegacia que investiga homicídios em Campo Grande. (Foto: André Bittar\Arquivo)
Delegado Márcio Obara foi titular da delegacia que investiga homicídios em Campo Grande. (Foto: André Bittar\Arquivo)

Preso ontem na terceira fase da operação Omertà, o delegado Márcio Shiro Obara é acusado de esconder provas na apuração do assassinato de policial militar reformado e apontado como o destinatário de R$ 100 mil que seria pago por organização criminosa a um delegado.

No pedido de prisão deferido pelo juiz da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, Marcelo Ivo de Oliveira, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) aponta que no carro da vítima, executada em 11 de junho de 2018, foi encontrado um envelope com a inscrição “dossiê” e que continha prints de conversas de WhatsApp entre Ilson Martins de Figueiredo  e uma pessoa identificada apenas como "padrinho".

O diálogo citava que a morte do policial militar reformado foi decidida durante reunião em Ponta Porã, que o interlocutor não iria conseguir reverter e que uma pessoa já havia sido morta por envolvimento no sumiço do filho de Fahd Jamil Georges.

O documento do Gaeco  cita que o material não foi juntado ao inquérito policial da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), onde Obara era titular e investigava o crime. Nesta apuração, materiais da vítima, como caneta espiã e cartões de memórias não foram periciados.

Em novembro de 2018, quando Campo Grande já havia testemunhado outras duas execuções, a Polícia Civil criou força-tarefa e os homicídios passaram a ser investigados pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros ).

Segundo o documento, Obara passou a assediar os delegados Fábio Peró e João Paulo Sartori, questionando-os até onde queriam ir e se eles ficariam satisfeitos em apreender as armas, prender os executores e chegar até uma pessoa citada como “W”.

Ao pedir a prisão do delegado, a investigação ainda apontou que é preciso esclarecer a relação financeira entre Obara e o investigador Célio Rodrigues Monteiro, também preso. No ano passado, o delegado repassou R$ 60 mil por meio de depósitos para o policial.

Célio aparece em intercepções telefônicas em práticas ilegais, como venda de munições, peculato (retira ar-condicionado  de delegacia e instalar em casa), recebimento de propina e bens incompatíveis com a renda.

Obara estava lotado na 2ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, no Bairro Monte Castelo, que  foi alvo de mandado de busca e operação ontem. Célio Rodrigues Monteiro é lotado na DEH, que também foi roteiro da operação.

O delegado está preso na 3ª Delegacia de Polícia Civil, no bairro Carandá Bosque. A defesa informou nesta sexta-feira (dia 19) que vai pedir a liberdade de Obara e rebate as acusações.

“A mulher do Marcelo Rios disse que R$ 100 mil seriam entregues a um delegado, mas não diz o nome. E o Márcio Obara não ocultou nenhuma prova, todos os atos praticados estão no inquérito”, afirma o advogado Ronaldo Franco. Rios é o ex-guarda municipal preso em maio do ano passado com arsenal, estopim das investigações da Omertà.

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