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Capital

Segundo parto de “bebê gigante” em 10 dias expõe falha na assistência pré-natal

Depois do nascimento de Marcos, com 5,7 kg, no dia 7 de setembro, Gabriel Henrique veio ao mundo ontem com 6,1 kg

Anahi Zurutuza | 18/09/2020 13:21
Gabriel Henrique, que nasceu ontem na Santa Casa com 6,1 kg e 56 cm, na sessão de fototerapia (Foto: Santa Casa/Divulgação)
Gabriel Henrique, que nasceu ontem na Santa Casa com 6,1 kg e 56 cm, na sessão de fototerapia (Foto: Santa Casa/Divulgação)

No dia 7 de setembro, Marcos Gabriel veio ao mundo quebrando recordes, com 5,745 kg e 52 cm, mas ficou 10 dias no posto de maior bebê nascido na maternidade da Santa Casa de Campo Grande. No fim da tarde de ontem (17), Gabriel Henrique o superou e deixou barriga da mãe com 6,125 kg e 56 cm.

O nascimento dos “bebês gigantes” surpreende pais e vira notícia nos corredores do maior hospital de Mato Grosso do Sul, mas de acordo com o supervisor da Ginecologia e Obstetrícia da Santa Casa, William Leite Lemos Junior, expõe um problema preocupante, a falha na assistência pré-natal durante a pandemia.

Crianças que nascem com mais de 4 kg são chamadas de macrossômicas, muito provavelmente filhas de mães que tiveram diabetes gestacional. De acordo com o médico, foi observado aumento na frequência dos partos de bebês com esta condição nos últimos meses, sinal de que gestantes não receberam acompanhamento adequado durante a gravidez, porque foi detectada a diabetes, mas elas não se trataram, ou sequer receberam o diagnóstico.

“Para se ter uma ideia, tenho internadas aqui 3 mães e bebês que nasceram com mais de 4 kg e uma teve alta hoje”, comenta Lemos sobre o setor que tem 20 leitos.

Com 52cm e 5,745kg, Marcos tem peso de uma criança de três meses. (Foto: Santa Casa/Divulgação)
Com 52cm e 5,745kg, Marcos tem peso de uma criança de três meses. (Foto: Santa Casa/Divulgação)

“Infelizmente, percebemos um agravamento das descompensações metabólicas. Por algum motivo, essas gestantes estão tendo dificuldade de acesso aos serviços de pré-natal. É um descaso. As pacientes têm a parcela culpa delas também, não vão atrás. Mas, o sistema é falho porque não há busca ativa”, completa o chefe da Obstetrícia.

Se nos casos de diabetes gestacional, os bebês nascem muito grande, gestantes com hipertensão dão à luz a crianças muito pequenas. Nos dois casos, as chances de morte fetal são enormes, explica o especialista, e os partos são de risco. “A gente fica aqui na ponta apagando incêndio porque a prevenção está deficitária”.

Recordista – Gabriel Henrique e a mãe Jocylaine de Oliveira Vallejo, de 24 anos, passam bem. A jovem tem outros três filhos, de 3, 7 e 8 anos, sendo que os dois últimos nasceram com mais de 4 kg.

O bebezão está passando por exames e fototerapia. “Nasceu muito vermelho, o que significa que com uma carga sanguínea maior, acontece nesses bebês grandes. A fototerapia é profilática, porque ele pode desencadear a icterícia. Mas, só de estar no quarto com a mãe, já significa muita coisa, que no geral, está bem”.

Saúde A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) nega que falha na assistência, mas admite aumento na demanda. “Campo Grande registrou aumento nos atendimentos de pré-natal de aproximadamente 40% neste ano”.

“Vale ressaltar que durante a pandemia nenhum atendimento de pré-natal foi suspenso, tendo a gestante toda a assistência com atendimentos médicos, de enfermagem, realização de exames e demais procedimentos necessários”, informou em nota.

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