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Capital

Sem chance de home office, “Mortadela” agora é obrigado a ficar em casa

Impressionado com a mobilização dos amigos enquanto estava sedado, ele agradece e se esforça para ficar de pé

Caroline Maldonado | 25/07/2021 10:53
Sem chance de home office, “Mortadela” agora é obrigado a ficar em casa
Conhecido como “Mortadela”, Rudney Machado Medeiros, de 39 anos, abre a rifa que os amigos fizeram (Foto: Kísie Ainoã)

Quando ouviu que seria intubado, ele teve dúvidas se “voltaria” e só pediu para alguém dar um recado: “se eu não voltar, fala para o meu pai que amo ele”. Conhecido na região das Moreninhas como “Mortadela”, Rudney Machado Medeiros, de 39 anos, não teve como escolher, mas se pudesse, ficaria em homeoffice, quando a pandemia começou.

Acontece que ele é motoentregador e não tinha como ficar sem trabalhar. Sem vacina, fez de tudo para evitar o contágio, aboliu até o tereré, mas acha que pegou a covid durante o trabalho. Depois de 24 dias intubado, alucinações e ainda com muita dor, ele ficou sabendo da força-tarefa feita para que fosse medicado e há dois dias em casa, conta com o SAD (Serviço de Atenção Domiciliar) da rede pública.

Não é um home care com tudo que tem direito, mas ele só agradece e se emociona ao falar do momento em que foi para o hospital até agora. “Gratidão a Deus, a minha irmã, família e amigos é tudo que tenho para dizer sobre o que passei e agora vou fazer força para melhorar”, diz Rudney, que ainda não consegue ficar em pé.

Sem chance de home office, “Mortadela” agora é obrigado a ficar em casa
Medicamentos que fazem parte da rotina de Mortadela, em casa (Foto: Kísie Ainoã)

“Um amigo meu vinha todos os dias entregar para minha irmã o dinheiro que os amigos iam doando. Era R$ 5, R$ 10, R$ 500, R$ 2 mil”, conta Mortadela, sobre os dias em que estava sedado no Hospital Regional.

“Deus escutava o nosso silêncio, porque já sabia o que queríamos, não tinha mais o que pedir, queríamos que ele vivesse”, resume, emocionada, a irmã Rosângela Machado, de 45 anos. Ela é assistente social em Porto Murtinho e veio para Campo Grande por causa da internação do irmão. Agora, eles estão na casa do pai, no Bairro Santa Emília.

Sem chance de home office, “Mortadela” agora é obrigado a ficar em casa
Irmã de Mortadela, Rosângela Machado, de 45 anos, se emociona a cada lembrança dos dias em que o irmão ficou intubado (Foto: Kísie Ainoã)

A rotina é receber os médicos do SAD três vezes por semana e, sem forças para levantar ainda, tomar diariamente remédios dos quais somente um é disponibilizado na rede pública. Mortadela mal consegue abrir a rifa para revelar quem ganhou a cesta oferecida pelo amigo Valter Coelho, de 46 anos. “Hoje em dia, sem amizade a gente não é nada”, comenta.

Sem chance de home office, “Mortadela” agora é obrigado a ficar em casa
Amigos fazem visita depois que Mortadela deixou hospital (Foto: Kísie Ainoã)

A irmã ajuda a abrir a rifa e os amigos comemoram a conquista de ter Mortadela de volta. Eles não sabem como vai ser daqui para frente. Cada dia é um dia, depois de tanto sufoco. “A gente conseguiu mais de R$ 11 mil em menos de 36 horas para comprar um remédio que ele precisava e os amigos ainda estão ajudando. É difícil”, chora a irmã, sem poder completar a frase.

Para quem puder ajudar, a irmã disponibilizou o pix 67 99631-9731, que também é o telefone para contato.

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