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Capital

Sem informações, pacientes aguardam atendimento em UBS há mais de 3h

Liana Feitosa e Luana Rodrigues | 28/06/2015 13:51
Greve na enfermagem já dura 8 dias. (Foto: Marcos Ermínio)
Greve na enfermagem já dura 8 dias. (Foto: Marcos Ermínio)

Após 8 dias de greve dos enfermeiros, os atendimentos seguem lentos e há muita fila nas unidades da rede municipal de saúde de Campo Grande. O Campo Grande News esteve na UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Coronel Antonino na manhã deste domingo (28) e verificou que faltam, inclusive, informações.

A gerente Angélica Gomes de Souza, 28 anos, está desde as 9h30 na UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Coronel Antonino tentando conseguiu atendimento para o filho dela, de 6 anos, que teve duas crises de asma durante a última noite (27).

Segundo a mãe, por volta de meio dia ele ainda não tinha passado por nenhuma triagem ou classificação de risco, e ainda não há previsão de atendimento. "Ele teve duas crises e precisa passar por exame de saturação", explica a mãe. Esse exame dá informações importantes ao médico relacionadas à capacidade pulmonar do paciente asmático.

Direitos - "A gente entende que eles (enfermeiros) estão reivindicando direitos, mas nós também precisamos de atendimento, afinal, isso aqui não está de graça pra gente, sai dos nossos impostos, da conta de água, arroz, feijão, de tudo o que compramos", considera.

"Quantas pessoas mais vão ter que morrer por causa da situação da saúde?", desabafa. Ela afirma que quem não foi atendido não recebe parecer nenhum da equipe da unidade. Portanto, não sabe de que forma será atendido, pois não são feitas triagens, e nem em qual horário, já que o local está lotado.

Outra mãe que busca atendimento para o filho é Jéssica Neves da Silva. Ela foi até à unidade de saúde para levar o filho de 1 ano e 2 meses que chorou a noite toda e visivelmente sente fortes dores no ouvido.

Angélica Gomes de Souza, tenta atendimento para o filho dela, de 6 anos, que teve duas crises de asma durante a noite. (Foto: Marcos Ermínio)
Angélica Gomes de Souza, tenta atendimento para o filho dela, de 6 anos, que teve duas crises de asma durante a noite. (Foto: Marcos Ermínio)

Preocupação - "Eu não sei o que ele tem, não sei se é grave ou não, mas põe a mãozinha na orelha o tempo todo. O problema é que não passou por nenhum exame até agora", conta a mãe.

Ela já espera por algum atendimento há quase 3 horas. "É muito difícil ver meu filho nessa situação, e ninguém dá nenhuma resposta", lamenta. Jéssica disse que, devido à falta de orientações e informações, várias mães foram embora porque não conseguiram atendimento. Ela está com medo de que também fique sem ser atendida, mesmo após tanto tempo de espera.

O Campo Grande News conversou com uma enfermeira da unidade, que pediu para não ser identificada. Segundo ela, existem três profissionais de Enfermagem no local e há atendimento, mas não está sendo realizada triagem, nem exames de classificação.

"As urgências estão sendo atendidas normalmente. Idosos passando mal, gestantes, cadeirantes passando mal, crianças com febre, asma, traumas e pessoas com ferimentos com cortes profundos são atendidos", afirma.

Questionada acerca da inexistência de triagem, que indicaria quais atendimentos precisam ser realizados com urgência, ela explicou o procedimento. "A gente fica observando quem aparenta estar com mais dor, fica observando quem está passando mal e, assim, a gente faz o atendimento de urgência", resume.

Revezamento - A enfermeira ainda explica que existem médicos, mas tanto esses profissionais, quanto os enfermeiros, atuam em regime de revezamento. "São três enfermeiros, mas só um trabalha por vez. Enquanto um atende, os outros aguardam", afirma. Por isso há demora no atendimento.

"O objetivo é tornar o atendimento lento para que as pessoas sintam o efeito da greve. Eles (prefeitura) acham que a gente vai atender normalmente e aí nunca fazem negociação, por isso estamos revezando", detalha.

Ainda de acordo com a enfermeira, atendimentos como inalação, exame de saturação, pressão e aplicação de medicação não estão sendo feitos e não serão realizados. "Nada de procedimentos de rotina", diz. Além disso, os pacientes que se enquadram na área azul vão esperar tempo máximo de 4h na fila.

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