Símbolos do desperdício, obras monumentais consumiram milhões
Construções do Aquário do Pantanal, Casa do Homem Pantaneiro e Centro de Belas Artes seguem sem destino
Gigantes e ainda sem utilidade. Em Campo Grande, o Aquário do Pantanal, a Casa do Homem Pantaneiro e a construção que abrigará o Centro de Belas Artes podem ser tratados como símbolos do desperdício de dinheiro público. As três obras já consumiram juntas R$ 240,6 milhões.
O prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, concorda e ressalta que para retomar projetos paralisados o gasto é maior que o calculado inicialmente. Ele afirma que gestores têm de combater essas situações. “Não tem obra mais cara que obra parada”.
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Duas delas estão no Parque das Nações Indígenas, um dos mais bonitos e frequentados da cidade. Depredada, a Casa do Homem Pantaneiro contrasta com a vegetação e pista de caminhada, além de servir de esconderijo para usuários de drogas ou criminosos e abrigo para o mosquito Aedes aegypti, o transmissor da dengue, conforme já foi retratada diversas vezes pelo Campo Grande News.

Projetada em 2006 pelo governo de Zeca do PT, a obra foi iniciada em outubro de 2010 e custou R$ 684 mil financiados pelos governos do Estado e federal. O local se tornaria a sede da Fundação Manoel de Barros para se tornar a sede da entidade, que atualmente fica na Rua Ceará.
A obra foi concluída em meados de 2014 e a fundação informou à reportagem em abril de 2015 que aguardava parcerias com instituições públicas para liberação de verbas que permitiriam abrir o espaço. Mas, até agora nada.
A entidade garantiu, há dois anos, que envia um funcionário ao local frequentemente para manutenções e afirma que sempre tem pintado as paredes externas, mas pichadores voltam a atacar. Por enquanto, não há previsão para que o local seja aberto.
Aquário – Logo em frente, o Aquário do Pantanal já consumiu R$ 230 milhões, está quase pronto, mas o Governo do Estado ainda não encontrou solução para concluir a obra. A administração estadual estima que sejam necessários mais R$ 50 milhões para terminar o projeto e o governado Reinaldo Azambuja (PSDB) já deixou claro que “não vai tirar dinheiro de hospital para concluir o aquário”.
O governo busca uma fonte privada de financiamento e chegou a consultar o Grupo Cataratas, que administra diversos pontos turísticos famosos pelo Brasil e venceu a licitação para gerir o Aquário do Pantanal, teria interesse de investir o dinheiro para terminar a obra e de uma vez por todas, lucrar com a abertura do espaço.
O grupo empresarial confirmou que se comprometeu com o Estado a buscar alternativas para a conclusão da construção o mais rápido possível, mas descarta qualquer possibilidade de financiar o término do empreendimento.
Para o prefeito, terminar a obra teria de ser prioridade. “Eu fui contra esse projeto. Mas, já que está 90% pronto, eu terminaria logo”.
Belas Artes – Projetado para ser a rodoviária de Campo Grande há 24 anos, também pelo governo estadual, a construção no bairro Cabreúva está parada há ao menos cinco.
Em 2008, o prefeito Nelsinho Trad (PTB) assumiu a construção e conseguiu recursos do Ministério do Turismo para transformar o espaço em um Centro de Belas Artes. Mas, hoje, única obra de “arte” no local é a de pichadores.
Portas e janelas danificadas e salas que deveriam receber grandes espetáculos abrigam usuários de drogas, segundo vizinhos contaram ao Campo Grande News no ano passado.
Marquinhos Trad está em busca de uma parceria público-privada para retomar o projeto, orçado em R$ 35 milhões, mas que já consumiu ao menos R$ 10 milhões.
Bom exemplo – Inaugurado em 2011, o Shopping Norte-Sul Plaza mudou a cara da região onde antes havia um “elefante branco”. A construção inacabada do Mercado do Produtor foi vendida pelo governo do Estado em 2008 para o grupo que investiu R$ 120 milhões na construção do centro comercial.