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Capital

Sinal vermelho não existe para motoentregadores no trânsito da Capital

"Pensam que são donos do trânsito", reclama motorista

Mariana Rodrigues | 02/03/2021 17:19
Motorista de entregas por aplicativo desrespeita sinal vermelho em plena tarde na Afonso Pena. (Foto: Kisie Ainoã)
Motorista de entregas por aplicativo desrespeita sinal vermelho em plena tarde na Afonso Pena. (Foto: Kisie Ainoã)

Seja no trânsito da região central ou nos bairros, a cena mais fácil de se encontrar no trânsito de Campo Grande é motoentregador "furando" sinal vermelho. O risco é evidente nas ruas. Em poucos minutos, em duas das principais vias da cidade, vários flagrantes foram feitos. Nem o fluxo da Avenida Afonso Pena ou da Rua Ceará param quem parece viver com pressa.

Uma das justificativas é ganhar tempo já que quanto mais corridas eles fazem, maior o rendimento. A outra seria a pressa dos clientes que querem os lanches quentes e com menor tempo de entrega possível.

Toda a correria vira quase uma maratona para entregar rápido o pedido, voltar e fazer mais entregas. Péssimo para quem tem de se cuidar em dobro na disputa com quem anda por ai em duas rodas.

Ciente de que desrespeita regras, moto entregador que trabalha para aplicativos de entrega contou como funciona a rotina, mas sem se identificar. “Temos tempo para chegar nos restaurantes, se não chegamos nesse tempo, que é estipulado pelo aplicativo, a corrida é passada para outra pessoa”, conta o homem de 36 anos. O tempo de entrega é estipulado pelo aplicativos e segundo ele varia de acordo com a distância.

Sobre o medo em sofrer acidentes ao “furar” o sinal vermelho ele garante que tem, mas “olho para os dois lados e passo, o negócio é ganhar tempo. Medo a gente tem, mas não tem outro jeito, se não fizer isso, não ganhamos o suficiente”, relata. Ele conta que quando as entregas estão boas, consegue fazer uma média de 20 a 25 corridas por dia.

Em ponto super movimentado da Ceará, outro motociclista ultrapassa o cruzamento sem respeitar sinal. (Foto: Kisie Ainoã)
Em ponto super movimentado da Ceará, outro motociclista ultrapassa o cruzamento sem respeitar sinal. (Foto: Kisie Ainoã)

Mas para quem anda de carro, nada justifica a imprudência.  O funcionário público Antônio Lima Rodrigues, 57 anos, lembra uma situação que viveu na Avenida Ceará em que quase se envolveu em acidente por causa de motoqueiro que ultrapassou o sinal proibido. “Eu estava de carro e o motoqueiro passou direto, atravessando na minha frente, sorte que que estava em uma velocidade que deu tempo de frear”, conta.

“Pensam que são donos do trânsito. É um problema geral que acontece tanto no Centro quanto nos bairros. É perigoso para todo mundo, sei que eles querem pegar mais serviços e que precisam fazer as entregas, mas também precisam obedecer as leis de trânsito”, alerta.

O motorista de aplicativo que circula pelas ruas de Campo Grande, Stênio Robson Dávila da Silva, 44 anos, confirma que sempre flagra moto entregadores ultrapassando sinal vermelho, independente da região da cidade. “Na área central é mais à noite, nos bairros é mais frequente”.

Na Ceará com Rua da Paz, 2 motociclistas furam sinal vermelho por volta das 17 horas. (Foto: Paulo Francis) 
Na Ceará com Rua da Paz, 2 motociclistas furam sinal vermelho por volta das 17 horas. (Foto: Paulo Francis)

José Soares Pereira, 32 anos, também é motorista de aplicativo atualmente, mas já trabalhou como moto entregador. Por isso diz conhecer os dois lados dessa história.

Ele confessa que a pressa faz com que os motoqueiros ultrapassem o sinal na tentativa de pegar mais corridas. Ele pensa em voltar para as entregas, pois os lucros são melhores, mas lembra porque desistiu uma vez. “Quem anda de moto tem que ter consciência que o para-choque é o próprio corpo. Nunca sofri acidente, parei antes”

O sindicato da categoria, o Sinpromes/MS (Sindicato Profissional dos Motociclistas Sobre Duas Rodas de Mato Grosso do Sul)  garante que orienta a todos os trabalhadores sobre as legislações de trânsito e o risco do desrespeito.

“O sindicato é categórico quanto a isso [furar sinal vermelho], se ele se acidentar o risco é dele até porque a maioria deles é de autônomos, a empresa não vai se responsabilizar e acredito que a empresa também não os orienta a desrespeitar a legislação de trânsito”, afirma o presidente do Sindicato, Luiz Carlos Escobar, 62 anos.

De acordo com o artigo 208 do Código de Trânsito Brasileiro, avançar sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória é considerado infração gravíssima, o motociclista pode perder sete pontos na carteira e multa no valor de R$ 293,47.

No cruzamento com a Euclides da Cunha, mais um flagrante de passagem irregular. (Foto: Paulo Francis)
No cruzamento com a Euclides da Cunha, mais um flagrante de passagem irregular. (Foto: Paulo Francis)




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