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Capital

'Sofrimento sem fim", diz jovem que espera há 4 meses para enterrar tio

Falta de reagente para exame de DNA e máquina de raio X quebrada impedem que homem seja sepultado

Luana Rodrigues | 22/06/2017 10:50
Márcia da Silva Santos Teodoro junto a roupa que providenciou para enterro do tio. (Foto: Simão Nogueira)
Márcia da Silva Santos Teodoro junto a roupa que providenciou para enterro do tio. (Foto: Simão Nogueira)

Uma despedida sem fim. Há 90 dias a auxiliar de costura, Márcia da Silva Santos Teodoro, 27 anos, tenta dar o último adeus ao tio, Joaquim de Souza Santos, 64 anos, e descobrir o que o levou a morte. A falta de insumos no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) e um defeito numa máquina de raio X, tem atrasado o enterro e prolongado o sofrimento da família.

Um corpo, que a sobrinha acredita ser de Joaquim, foi encontrado nu, em um terreno baldio, no dia 27 de fevereiro, na Vila Morumbi, em Campo Grande. Documentos, roupas e um celular, encontrados no local eram de Joaquim, mas a perícia e Polícia Civil exigem a identificação por meio de laudos.

Como estava em avançado estágio de decomposição, os peritos não conseguiram identificá-lo apenas pelas digitais e foi feito um exame de DNA. Ocorre que o reagente próprio para indicar o resultado do exame está em falta desde então.

“É um sofrimento que nunca acaba, muito doloroso. Se passaram quatro meses e eu fico pensando se eles não tem família, para nos deixar numa situação dessas. Nem com cachorro se faz isso, ainda mais com ser humano”, diz a sobrinha da vítima.

Márcia conta que assim que o corpo que ela acredita ser do tio foi encontrado, começou a providenciar o enterro. A sobrinha fez uma ‘vaquinha’ entre os familiares e conseguiu arrecadar os R$ 800 necessários para o sepultamento. “Queria dar um enterro digno para ele, porque é o mínimo que podemos fazer. Até a roupa eu já arrumei e toda vez que olho para ela o sofrimento volta”, conta.

Coordenadoria Geral de Perícias, onde também está localizado o Imol. (Foto: Luana Rodrigues)
Coordenadoria Geral de Perícias, onde também está localizado o Imol. (Foto: Luana Rodrigues)

Se não bastasse este transtorno, a família também afirma que as investigações sobre a morte do aposentado estão paradas. Isso porque uma máquina de raio X, que poderia indicar a causa da morte, está quebrada. “Falei com a delegada responsável pelo caso e ela me disse que não tem como prosseguir com a investigação sem este exame. É um descaso total”, considera.

A delegada Célia Maria Bezerra, que investiga o caso, confirmou a situação. “Estou aguardando o laudo necroscópico para saber a causa da morte dele, além do DNA, para ter certeza de quem estamos falando, e o que estamos investigando, por exemplo, caso o corpo tenha algum sinal de agressão, nos daremos outro direcionamento para a investigação, mas pode ser que tenha sido morte natural, não dá para descartarmos nenhuma possibilidade", explicou.

Procurada, a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) se limitou a informar que já abriu licitação para compra do produto usado nos testes de DNA, mas não deu prazo para que ele chegue ao Imol. Sobre a máquina quebrada, a secretaria ainda não se manifestou.

Camiseta encontrada junto a corpo nu, no dia 27 de fevereiro, bairro Morumbi. (Foto: Arquivo)
Camiseta encontrada junto a corpo nu, no dia 27 de fevereiro, bairro Morumbi. (Foto: Arquivo)

Encontrado nu - Joaquim havia saído para receber pagamento de cerca de R$ 2 mil e não voltou mais para a casa. Depois de sete dias, o corpo dele foi encontrado nu.

Enquanto esteve desaparecido, a família ligou insistentemente para o idoso, que chegou a atender ao celular. Mas, ele apenas pedia água e não sabia dizer onde estava.

Ninguém sabe se o idoso conseguiu sacar a quantia. Nenhum dinheiro foi encontrado com ele.

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