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Capital

Tradição de Páscoa tem de Judas “pinguço” a ministro chamado de traíra

Os bonecos foram colocados em um poste do Bairro Cidade Jardim e em frente a um comércio do Indubrasil

Geisy Garnes | 20/04/2019 12:40
Na Cidade Jardim boneco carregava no corpo frase “Toffoli traidor” (Foto: Geisy Garnes)
Na Cidade Jardim boneco carregava no corpo frase “Toffoli traidor” (Foto: Geisy Garnes)

Tradição de Páscoa, a malhação do Judas segue viva em algumas regiões de Campo Grande. Desde a noite dessa sexta-feira (19), os bonecos foram deixados pelas ruas da cidade, anunciando a chegada do Sábado de Aleluia. Em tempos de indignação política, a “brincadeira” se transforma até em protesto.

No Bairro Cidade Jardim, o boneco foi pendurado em um poste de iluminação - no cruzamento das ruas Hibiscosno com a Carvalho - com a frase “Toffoli traidor” pregada ao corpo. A alusão ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) acontece após a polêmica investigação sobre ameaças, ofensas e "fake news" contra ministros da Corte.

O inquérito foi instaurado em março, por de José Dias Toffoli, sem pedido do Ministério Público, como prevê a lei. O ministro Alexandre de Moraes foi escolhido como relator e chegou a determinar a retirada do ar de reportagens publicadas pelo site "O Antagonista" e pela revista digital Cruzoé que reproduziram documento da Lava Jato com citação ao presidente do Supremo Tribunal Federal.

Cristian Moreira, de 32 anos, mora na região há cerca de um ano e viu a situação com bom humor. “Vi colocarem ai ontem de noite. Até tirei foto e coloquei nas redes sociais, para ver o que o pessoal acha de malhar o Toffoli”, contou.

Judas "pinguço" chamou atenção Indubrasil (Foto: Geisy Granes)
Judas "pinguço" chamou atenção Indubrasil (Foto: Geisy Granes)

Do outro lado da cidade, um Judas “pinguço” se tornou atração em frente ao comércio da família de Nielson Augusto dos Santos, de 26 anos, na Rua Texas – no Bairro Indubrasil. A tradição que aprendeu com os avós, segundo ele, é seguida a risca todos os anos. “É coisa que vem do meu avô, lá no Paraná ainda, nossa família é muito católica”.

Nielson passou à tarde de ontem produzindo o boneco, que montou com roupas doadas e retalhos que pediu em uma fabrica da região. Depois de pronto, o Judas foi colocado em frente ao comercio e ali ganhou a atenção de quem passava pelo local. “Muita gente para e tira foto, já sabem que todo ano a gente faz”.

Ao meio-dia o boneco é malhado e queimado, como manda a tradição. Nessa hora, até os vizinhos ajudam. Ainda assim, Nielson conta que a melhor parte é montar o Judas, do jeito que a criatividade mandar.

Tradição – A Malhação ou Queima de Judas é uma tradição cultivada por décadas por católicos e ortodoxos. Como os próprios nomes indicam, trata-se da destruiçao de bonecos batizados em nome de Judas Iscariotes, que entregou Jesus Cristo ao Conselho de Judeus em troca de 30 dinheiros –arrependido, ele tentou depois devolver o dinheiro, mas repelido pelos sacerdotes decidiu se enforcar.

Os bonecos, feitos de serragem, papel e trapos, são surrados como forma de representar a destruição das forças do mal no Sábado de Aleluia –véspera do Domingo de Páscoa–, geralmente ao meio-dia. A prática foi trazida pelos cristãos de Portugal e Espanha para o Brasil.

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