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Capital

Uma semana antes de matar 2 policiais, assassino furtou casa do ex-patrão

Ozeias trabalhou por um tempo como segurança no local, mas quando cometeu o crime não prestava mais serviço para a família

Geisy Garnes | 09/07/2020 17:36
Os policiais Antônio e Jorge foram mortos por Ozeias no dia 9 de junho, na Rua Joaquim Murtinho (Foto: Paulo Francis)
Os policiais Antônio e Jorge foram mortos por Ozeias no dia 9 de junho, na Rua Joaquim Murtinho (Foto: Paulo Francis)

Investigações sobre a vida de Ozeias Silveira de Morais, de 45 anos, assassino de 2 policiais civis da Derf (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos), levaram a polícia até a verdadeira origem das joias anunciadas por ele na internet. Uma semana antes do duplo homicídio, o vigia invadiu e furtou uma das casas em que fazia bico como segurança em Campo Grande.

As investigações que levaram até Ozeias, no entanto, eram de outro crime. Os policiais Antônio Marcos Roque da Silva e Jorge Silva dos Santos apuravam o roubo a uma joalheria da Avenida Calógeras e encontraram um anúncio de venda de alguns anéis de ouro feito por Willian Dias Duarte Comerlato.

As peças não estavam na lista repassada para a polícia pelo proprietário do estabelecimento, mas até então, a informações era de que o autor do crime havia levado mais joias do que o registrado. No dia 9 de junho, os investigadores chegaram a Willian.

Como estava com mandado de prisão em aberto, foi detido e contou que fez o anúncio a pedido do tio da namorada: Ozeias Silveira de Morais. Assim os policiais foram até o porteiro de condomínio de luxo na Avenida Afonso Pena.

Os dois foram convidados a esclarecer a situação. Foi no caminho para a delegacia especializada, na Vila Sobrinho, que Ozeias assassinou os policiais e fugiu.

Com a morte dos investigadores e também do possível autor do roubo, que foi baleado em uma troca de tiro com a polícia, as equipes da unidade precisaram retomar as investigações do crime. Descobriram então que as joias anunciadas por Willian não eram da joalheria, mas sim de uma família tradicional de Campo Grande, furtada no início de junho.

Ozeias trabalhou por um tempo para a família, fazia bicos como vigia da residência duas vezes na semana. Quando cometeu o crime, no entanto, não prestava mais serviço para as vítimas. Conseguiu entrar na casa depois de arrombar o portão e furtou mais de 25 anéis e além de outras peças de ouro.

Conforme apurado pela reportagem, as joias roubadas eram raras e de família, por isso tinham um alto valor comercial. Apesar da descoberta sobre o crime, não foi possível recuperar as peças. Algumas, segundo a investigação, foram revendidas para um receptador. Outras o próprio Ozeias, antes de atirar nos policiais, teria admitido ter enterrado.

Com a participação de Ozeias no roubo a joalheria descartado, as investigações sobre o crime que aconteceu no dia 21 de maio foram reabertas. O autor, até o momento, não foi identificado.

Sem ficha – Para o Poder Público, Ozeias Silveira de Morais era um trabalhador sem qualquer registro policial. Nunca teve o nome envolvido em ocorrências de crimes ou algo do tipo.

Tinha arma registrada, um revólver Taurus calibre 38, com capacidade para 5 munições. Foi com essa arma, segundo a polícia, que ele atingiu pelas costas, dentro de viatura sem identificação, Antônio Marcos Roque da Silva e Jorge Silva dos Santos, de 39 e 50 anos.

Mas, para a polícia, é certo que a “ficha limpa” do vigia escondia um criminoso experiente, capaz de roubar e matar a sangue frio. Um dos fios da meada que está sendo perseguido são os carros que Ozeias tinha em nome dele, uma dezena, com avaliação total em torno de R$ 250 mil.

O porteiro do condomínio de luxo na Avenida Afonso Pena tinha 10 veículos registrados em seu CPF. Dois carros eram alvos de cobrança por atraso nas parcelas, em ações de busca e apreensão. Coincidentemente, no dia 9 de junho, mesmo data na qual os policiais morreram, os débitos foram quitados.

Ozeias foi morto durante confronto com a polícia na madrugada de quarta-feira (10).

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