Vazios urbanos de Campo Grande e planejamento são temas de palestra

Os vazios urbanos de Campo Grande foram abordados durante uma palestra do arquiteto Ângelo Arruda para os técnicos da empresa Águas Guariroba na tarde desta sexta-feira (21) na Capital, mostrando a importância de se entender a situação dentro do planejamento urbano, incluindo serviços de água e esgoto, prestados pela Águas Guariroba.
Professor e coordenador do projeto Observatório de Arquitetura e Urbanismo da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o arquiteto encampou estudo complexo sobre tais vazios urbanos em Campo Grande.
De acordo com o pesquisador, a Capital ocupa atualmente uma área de 359 km² de perímetro urbano, segundo Arruda, que pode ser comparado ao da cidade de São Paulo. Entretanto, a capital paulista possui possui densidade populacional de 7.398,26 habitantes por km², enquanto em Campo Grande o número é de 97,22 por km².
"Mais ou menos 25% do perímetro urbano não tem ninguém morando em cima", afirma o arquiteto, que completa. "É o deserto do Saara urbano". Ele também diz que atualmente existe o conceito de cidades compactas, sendo o ideal de ocupação hoje de 250 a 330 pessoas por hectare. Campo Grande tem 21 habitantes por hectare e corre o risco de "espalhar" ainda mais.
Vazios são problemas - O ar interiorano que tais vazios, de certa proporcionam, são considerados um problema por urbanistas, que impacta, inclusive, na economia local, inviabilizando negócios que poderiam gerar emprego e renda, como restaurantes, padarias e supermercados, já que são estabelcimentos que só se mantêm onde há público consumidor.
Além disso, o mapa dos vazios acaba se equiparando também ao da exclusão social. Com pontos de ocupação cada vez mais distantes, o investimento em obras de infraestrutura e serviços públicos torna-se mais caro e, assim, mais escassos.
Entretanto, Arruda apontou que o ponto positivo do excesso de espaço que já está disponível na Capital é poder planejar o futuro, ocupando os vazios com empreendimentos que beneficiem a população sem precisar expandir o perímetro urbano atual.
"Quando pensamos nessa pesquisa eu tinha certeza que não ficaria restrito ao interesse acadêmico. A finalidade deste trabalho é, principalmente, conhecer a nossa cidade. Isso possibilita aos gestores e concessionários entender melhor este entorno para prestar um serviço de mais qualidade à comunidade", destaca o arquiteto.
Para o presidente da Águas Guariroba, José João Fonseca, que assistiu à palestra, a concessionária de serviços de água e esgoto tem o interesse em trabalhar de forma conjunta com a universidade para entender a relação entre os vazios urbanos e o planejamento dos serviços de saneamento básico da Capital.
"Este assunto é de muito interesse nosso, daqui já surgiram várias ideias. Temos uma base dados que está totalmente à disposição e podemos cooperar para avançar neste estudo", frisa Fonseca.