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Capital

Veja em quais bairros é maior o risco de pegar dengue

Diante do cenário de epidemia da doença, terrenos baldios viram pesadelo de moradores

Izabela Cavalcanti e Mariely Barros | 31/03/2023 13:18
Terreno baldio no Bairro Caiobá, com pneus e até sofá velho jogado (Foto: Henrique Kawaminami)
Terreno baldio no Bairro Caiobá, com pneus e até sofá velho jogado (Foto: Henrique Kawaminami)

Campo Grande tem sete bairros com risco muito alto de dengue, conforme informações da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), estão na lista: Caiobá; Chácara dos Poderes; Maria Aparecida Pedrossian; Noroeste; Rita Vieira; Tijuca; e Tiradentes.

A sala de situação de arboviroses, divulgada pela secretaria, no dia 28 de março, mostra que Campo Grande já tem 4.414 casos notificados de dengue; um óbito confirmado e dois casos graves.

Na última semana, 56.768 imóveis foram visitados; e 1.695 imóveis com focos. Foram 105 pacientes atendidos na atenção básica e 815 atendidos na urgência.

No dia 22 de março de 2023, o Coes (Centro de Operações de Emergência em Saúde) foi acionado e apresentou aumento de 20% nos atendimentos com sintomas de dengue nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros Regionais de Saúde).

Apesar de os índices serem epidêmicos, ainda são menores que os registrados em 2016 e 2019, em que o município enfrentou também epidemias da doença. Nesses mesmos anos, o Estado registrou 51.109 e 65.675 casos prováveis, respectivamente.

Diante do cenário, o secretário de Saúde, Sandro Benitez, esteve reunido na semana passada, no Exército Brasileiro, para tratar de parceria no enfrentamento da dengue, mas nada está concreto ainda.

Mapa mostra bairros com alto risco de dengue (Arte: Lennon Almeida)
Mapa mostra bairros com alto risco de dengue (Arte: Lennon Almeida)

A situação se torna ainda mais desesperadora para moradores próximos de terrenos baldios. É o caso da estoquista Tamara Fabiane da Silva, de 26 anos, que pretende mudar do Bairro Tijuca, por morar em frente a um terreno repleto de lixo.

Conforme ela conta, faz dois meses que mora no bairro e ainda não viu o carro do fumacê passando. Para se livrar dos mosquitos no fim da tarde, ela usa como alternativa inseticida.

“Os moradores enchem de lixo e fica podre, uma carniça. Por conta do medo vou me mudar, final da tarde é cheio de mosquito, principalmente no banheiro. A dengue mata, né? O mosquitinho pode passar um doença dessa”, lamenta.

Na mesma região mora a dona de casa Elizandra da Silva, de 37 anos. Ela diz que já tentou por diversas vezes pedir a limpeza dos terrenos, mas não consegue. Da mesma forma que Tamara, Elizandra não lembra de ter visto o fumacê passando pelo bairro.

Ela já sentiu na pele os sintomas da dengue e tenta mudar a situação do bairro para não passar pelo mesmo problema de novo. A dona de casa já pediu limpeza e brigou com vizinhos para evitar a sujeira no terreno.

Os filhos de 8 e 9 anos levam repelente para a escola e, em casa, é usado raquete elétrica e inseticida.

No Bairro Caiobá, na Rua Capitão Mário Pio Pereira, a situação não é diferente. O filho, de 8 anos, do vigilante Rayan Gustavo Rujas, de 35 anos, contraiu dengue há três semanas. Eles moram na região há 6 anos.

“Ele ficou ruim, deitado no sofá e ficava com a mão do olho, falando: 'papai dó muito.' Levamos na UPA Leblon e estava lotado, chegamos 19h30 e saímos 23h, muita gente com sintoma de dengue, adulto, criança e idoso”, comentou.

Rayan olha terreno baldio com lixo, sofá e pneus jogados, próximo a sua casa, no bairro Caiobá (Foto: Henrique Kawaminami)
Rayan olha terreno baldio com lixo, sofá e pneus jogados, próximo a sua casa, no bairro Caiobá (Foto: Henrique Kawaminami)

Em relação ao fumacê, Rayan diz que há 1 ano e 6 meses que não vê o carro, e que antes disso, passava pelo menos uma vez por mês. O vigilante também mora próximo de terrenos baldios, repletos de lixo, garrafas, pneus e até sofás jogados.

Wolbachia - Em dezembro de 2020, Campo Grande fez soltura de Aedes aegypti contendo a bactéria Wolbachia. O projeto com seis fases prevê a redução da capacidade do inseto de transmitir doenças.

A liberação dos Wolbitos faz parte da estratégia do Método Wolbachia, que teve iniciativa do WMP (World Mosquito Program), conduzida no País pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), com apoio financeiro do Ministério da Saúde.

Além disso, Campo Grande foi responsável por uma iniciativa inédita ao envolver alunos de escolas da Rede Municipal de Ensino. Em agosto, os alunos receberão kit contendo um recipiente, material informativo e cápsulas com ovos do mosquito Aedes aegypti com Wolbachia, que serão “cultivados”  até a fase adulta.

Várias garrafas de cerveja e sacolas jogadas em terreno baldio no bairro Caiobá (Foto: Henrique Kawaminami)
Várias garrafas de cerveja e sacolas jogadas em terreno baldio no bairro Caiobá (Foto: Henrique Kawaminami)

A vistoriadora de imóveis Maria Cecília de Miranda, de 19 anos, entrou em contato com o Campo Grande News, pelo canal Direto das Ruas, para denunciar o descaso da própria população com o Bairro Jardim das Nações.

Localizado na região sul da Capital, percorrendo aproximadamente 2 km na Rua Ari Matoso, até chegar na Avenida Gabriel Spipe Calarge, a moradora registrou diversos pneus jogados nos canteiros da rua, com focos do mosquito da dengue.

"Na minha família várias pessoas já tiveram dengue, eu, minha avó, meu tio. Acho muito perigoso esse descuido, porque não tem remédio para dengue, né?!", comentou.

A reportagem entrou contato com a Prefeitura de Campo Grande, mas ainda não obteve retorno.


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