Conselho é contra mudar horário por prejuízo à saúde
O impacto na saúde da população é a justificativa do Conselho Municipal de Saúde de Campo Grande para se posicionar contra a equiparação do horário do Estado ao de Brasília.
Autor do estudo que fundamentou a decisão, João Carlos Rosa Pires, doutor em psiquiatria e professor da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), cita diversos aspectos negativos de perder uma hora de sono. "A mudança do horário muda o ritmo biológico, principalmente para o cérebro", salienta.
Ele explica que durante o sono há produção de diversos hormônios, que controlam da cicatrização ao crescimento. "80% do hormônio do crescimento é produzido durante o sono", destaca.
De acordo com ele, há estudos sobre as alterações devido ao horário de verão e também pelo efeito de viagens intercontinentais. "Aumenta o número de doenças, porque afeta o sistema de defesa do organismo".
Já a sonolência, segundo João Carlos, provoca mais acidentes de trabalho, trânsito e doméstico. O psiquiatra também alerta que o quadro contribui para a incidência de problemas emocionais, como o estresse.
O médico participa do Comitê Estadual pela Manutenção do Horário, formado pelo cardiologista Luís Ovando, pelo oncologista Adalberto Siufi e pelo meteorologista Natálio Abrão. Na luta para evitar a mudança, João Carlos salienta que a UCDB e a Maternidade Cândido Mariano já detectaram que terão maior gasto com custeio para funcionar em novo período.
Segundo o coordenador da mesa diretora Conselho Municipal, Edilberto de Freitas Reverdito, a decisão contrária será apresentada ao Conselho Estadual de Saúde.
No Senado, há duas propostas de mudanças: a primeira, do senador Delcídio Amaral (PT), quer que o plenário decida sobre a alteração; já a do senador Valter Pereira (PMDB) determina que a mudança seja avaliada por meio de plebiscito.
Em novembro, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados aprovou a mudança do horário para Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A autoria é do deputado federal Wellington Fagundes (PR/MT). Em dezembro, o parlamentar apresentou um segundo projeto prevendo a realização de consulta à população.