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Cidades

Crianças se preparam "como gente grande" por vaga no Colégio Militar

Elverson Cardozo | 20/08/2013 09:08
Na sala de aula, disciplina, foco e dedicação são essenciais. (Foto: Cleber Gellio)
Na sala de aula, disciplina, foco e dedicação são essenciais. (Foto: Cleber Gellio)

Estão abertas as inscrições para o concurso de admissão ao 6º ano do ensino fundamental do CMCG (Colégio Militar de Campo Grande). A escola, que teve uma das melhores notas no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), oferece apenas 15 vagas para a nova turma.

A disputa é acirrada, mas o processo seletivo não é nada fácil, que o diga os estudantes, aqueles que estão se preparando há meses.

De tão procurado, na Capital há escolas que se especializaram em oferecer um cursinho preparatório específico para as provas de admissão do Colégio Militar.

A General Osório, na Vila Rosa, é uma delas. O custo, para 8 meses de aulas, pode chegar a quase R$ 2 mil por aluno. Mas quem pensa que, por estar pagando, terá vantagem, está completamente enganado. A rotina é puxada e exige dedicação.

Embora o concurso do CMCG seja destinado a alunos do 6º ano, o conteúdo cobrado, na prova, é o mesmo aplicado as sétimas, oitavas e nonas séries. “É uma concorrência grande. O numero de candidatos também é grande e a maioria está bem preparada.

Para passar, é preciso ser um aluno de bom a ótimo, para conseguir, pelo menos, 7,5, apesar da média ser 5”, explicou a coordenadora da escola, Leda Ribeiro Capibaribe, 69 anos.

No curso preparatório, os alunos, na faixa dos 9, 10 anos, estudam, no contraturno da escola, português e matemática. À princípio, são cinco tempos de aulas, três vezes por semana. Próximo da prova, a rotina dobra e eles enfrentam, todos os dias, um intensivão.

O conteúdo, para cada uma das matérias, é divido em duas frentes. Em Português uma professora ministra aulas sobre interpretações de textos e gramática, enquanto a outra fica responsável pela redação. Em matemática, eles aprendem aritmética com um profissional e geometria com o outro.

Não há tempo para brincadeiras, mas é preciso, claro, bons professores. Se a cobrança é grande, o corpo docente precisa ser estruturado, bem preparado, à altura para atender a demanda e preparar uma turma inteira para enfrentar o “dragão”.

Rotina é puxada. Alunos se preparam no contraturno escolar. (Foto: Cleber Gellio)
Rotina é puxada. Alunos se preparam no contraturno escolar. (Foto: Cleber Gellio)

Professora de português e redação, Angelina Lopes, 30 anos, sabe da responsabilidade que tem e diz que o principal desafio para ela, no ensino da disciplina, é amadurecer o aluno. “Eles estão imaturos, com histórias bobinhas, de final feliz. Eu tenho que educá-los para encarar um concurso”, disse. Eles não podem, acrescentou, agir como menininhos e menininhas de 5ª série, apesar de estarem nesse período, porque o foco é outro.

Responsável pelas aulas de matemática, Marli Fátima Oliveira Lima Costa, 52 anos, também “pesa a mão”, mas afirma que a cobrança é necessária porque o Colégio Militar, no concurso, não cobra, como disse a coordenadora, conteúdo de 6ª série, mas de 7º, 8º ano.

O processo é tão rígido que, mesmo no curso preparatório, o aluno só vai para o concurso do Colégio Militar se passar em duas avaliações feitas pela escola. Se reprovar em uma, já está desclassificado. “Hoje você dá A e cobra –A. Aqui nós damos A e cobramos A ao quadrado”, exemplificou a coordenadora.

Giovana e José Gabriel querem ingressar nas Forças Armadas e, por isso, pelo menos agora, preferem trocar as brincadeiras pelos estudos. (Foto: Cleber Gellio)
Giovana e José Gabriel querem ingressar nas Forças Armadas e, por isso, pelo menos agora, preferem trocar as brincadeiras pelos estudos. (Foto: Cleber Gellio)

Quem almeja uma vaga sabe que não é fácil. Giovana Rohwedder Thaler, 10 anos, está no cursinho há 1 ano. A menina, que sonha em ser policial militar, diz que é difícil, que os professores são exigentes e que a rotina, de fato, é corrida, mas não abre mão dos estudos.

“Acho que, se entrar, vou ter mais oportunidades de trabalho e crescimento”, disse ela, com discurso de gente grande.

Mesma postura tem o amigo, José Gabriel, 10 anos, que também está se preparando. Para o estudante, o cursinho “ajuda muito na escola”. Focado, ele diz que, agora, prefere estudar, enquanto os amigos, da mesma idade, só pensam em brincar. Além do concurso, há outro motivo: “Quero ir para a Marinha e dizem que é difícil para entrar”.

Os professores confirmam que a maioria, embora sejam pequenos, pensam assim. São disciplinados, gostam de estudar e tem facilidade de aprender. Há uma justificativa, a mais plausível, eles arriscam: grande parte tem uma família que, desde o início, valorizou e soube priorizar a educação dos filhos.

Desde que haja vagas, o Colégio não seleciona quais estudantes podem ter acesso ao cursinho, mas, geralmente, a classe é formada por alunos que vieram de escolas particulares. As matrículas de alunos que vieram de escolas públicas representam apenas 10% do cadastro de inscritos.

No cursinho para o Colégio Militar, até a postura é cobrada. (Foto: Cleber Gellio)
No cursinho para o Colégio Militar, até a postura é cobrada. (Foto: Cleber Gellio)

Processo Seletivo – As inscrições para o concurso de admissão ao 6º ano do ensino fundamental do CMCG (Colégio Militar de Campo Grande) começaram no dia 12 de agosto e terminam no dia 12 se setembro. A taxa é de R$ 80,00.

Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (67) 3368-4870 ou pelo site do CMCG, onde está disponível, inclusive, o edital completo.

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