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Empregos

"Aceito o que vier", a frase que une quem está procurando trabalho

Tem gente que já está parada há um ano e o cenário apresentado pelos dados oficiais é negativo

Bruna Kaspary | 22/10/2017 08:23
Pessoas aguardando atendimento pela Funsat na feira do trabalho (Foto: André Bittar)
Pessoas aguardando atendimento pela Funsat na feira do trabalho (Foto: André Bittar)

Durante a 3ª Feira do Trabalho, no bairro Moreninhas 3, o que mais se procurava, claro, era um emprego. Gente há muito tempo sem nenhuma renda, se rende "ao que vier" para garantir o dinheirinho no começo do mês e um custo de vida digno.

Marcela Onore com a filha pequena esperando atendimento (Foto: André Bittar)
Marcela Onore com a filha pequena esperando atendimento (Foto: André Bittar)

Marcela Onore, 32 anos, está desempregada há mais de um ano. "Já nem me lembro quanto tempo faz que eu estou em casa", desabafa com a filha pequena no colo. Ela trabalhava como auxiliar de limpeza na última empresa em que teve a carteira assinada, onde ficou três anos.

Neste sábado, a auxiliar de limpeza tentou mais uma vez. Chegou às 7h30 da manhã para conseguir pegar uma senha na feira de emprego promovida pela Câmara de Vereadores em parceria com a Uniderp, no bairro Moreninhas, com expectativa de atendimento a 10 mil pessoas.

"Quando cheguei já tinha bastante gente esperando", contou Marcela. Assim como ela, nessa fila estavam as vozes do desemprego em alta no País. Vozes de pessoas que trouxeram de volta uma afirmação que indicam a agonia de procurar um trabalho, sem encontrar: "aceito qualquer coisa" é uma das frases mais ouvidas.

Thays pegou a senha 111 para ser atendida pela Funsat (Foto: André Bittar)
Thays pegou a senha 111 para ser atendida pela Funsat (Foto: André Bittar)

Thays Santos é estudante de arquitetura, e desde os 15 anos trabalhou. "Primeiro eu era Mirim, trabalhava em órgão público, quando saí fui para um escritório de advocacia, mas estou desempregada desde o começo do ano", explica.

Ela, que está com a mensalidade da faculdade atrasada desde então, diz que não tinha dinheiro nem para comprar o material para as aulas. "Esse material é caro, só consegui porque um vizinho meu conseguiu me ajudar a comprar", conclui.

"Até em supermercados eu já fui procurar empregos, não querem justamente por eu estar na faculdade, porque não tenho flexibilidade de horário e não vou ficar depois de formar", explica a acadêmica. Ela afirma que não vai atrás de estágio na sua área porque também é muito concorrido e ela não consegue.

Deyse se emociona ao lembrar das dificuldades que tem passado (Foto: André Bittar)
Deyse se emociona ao lembrar das dificuldades que tem passado (Foto: André Bittar)

Deyse Pereira se emociona e lembra das dificuldades que tem passado por estar desempregada desde maio. "Eu tenho um sobrinho de nove anos, a minha irmã está grávida de novo e todo mundo lá em casa está desempregado".

Ela conclui dizendo que passa a semana inteira procurando emprego. "Uns dizem que nem pegam currículo porque não estão contratando, outros vêm perguntar porque não fui lá na semana passada, porque tinham vaga, mas agora já estavam todas preenchidas, mas também não tem como ficar indo todos os dias, não há dinheiro que aguente", lamenta.

Emprego em queda - O Campo Grande News mostrou, esta semana, que depois de um início de ano com saldos positivos, o mercado de trabalho de Mato Grosso do Sul já completa o terceiro mês com volume de demissões acima ao das contratações. De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado quinta-feira (19) pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), foram fechados 199 empregos com carteira assinada no Estado em setembro.

Desde julho, o saldo negativo acumulado é de 2.492 postos de trabalho. Com isso, o volume de empregos criados neste ano é 51% inferior ao de igual período de 2016.

As empresas de Mato Grosso do Sul contrataram, no mês passado, 18.346 trabalhadores e demitiram 18.545, resultando no saldo de -199 empregos. Em setembro de 2016, foram criadas 1.368 novas vagas.

 

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