ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 22º

Cidades

Fazenda de traficante vale 219% mais do que valor pago a área indígena

Alan Diógenes | 23/11/2014 08:27
O valor de cada hectare da Fazenda Nossa Senhora Aparecida é 219% mais caro do que o da Fazenda Buriti. (Foto: Justiça Federal)
O valor de cada hectare da Fazenda Nossa Senhora Aparecida é 219% mais caro do que o da Fazenda Buriti. (Foto: Justiça Federal)

O valor de cada hectare da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, que é do acusado de tentar matar o juiz Odilon de Oliveira, Aldo José Marques de Brandão, é 219% mais caro que o valor de cada hectare da Reserva Buriti. Atualmente, o Governo Federal oferece R$ 78 milhões pelos 15 mil hectares da reserva, exigidos pelos índios. Já a fazenda que era de Aldo será leiloada pela Justiça Federal, e está avaliada em R$ 8.203.520 por 493,95 hectares.

O que os corretores levam em conta na hora de fazer a análise das terras é sua localização e condições de produtividade. Por exemplo, a Fazenda Nossa Senhora Aparecida fica localizada no município de Amambai, a 360 quilômetros de Campo Grande, enquanto a Fazenda Buriti fica em Sidrolândia, a 70 quilômetros da Capital.

Durante o impasse que já dura há anos os produtores rurais fizeram uma proposta para o Governo Federal para receberem R$ 130 milhões pelos 15 mil hectares da Fazenda Buriti. Em números isso daria R$ 8,6 mil por cada hectare. Já o valor proposta pelo Governo Federal de R$ 78 milhões pelos 15 mil hectares, daria R$ 5,2 mil por cada hectare. Por outro lado, o valor cobrado por cada hectare da Fazenda Nossa Senhora Aparecida é de R$ 16,6 mil.

O Campo Grande News conversou com o corretor de imóveis rurais João Pedro, e ele explicou que a diferença de valores dos hectares de uma fazenda para outra existe devido há uma série de características diferentes que uma tem em relação a outra.

Fazenda Buriti está ocupada por índios desde 2003. (Foto: Arquivo)
Fazenda Buriti está ocupada por índios desde 2003. (Foto: Arquivo)

"Nós não podemos fazer essa comparação, por que quando fazemos a análise de uma terra levamos em contao a sua localização, investimentos que já foram feitos na área, se ela é difícil ou fácil acesso, sua topografia e qualidade da terra. Por exemplo, não podemos comparar o valor de um terreno na avenida Afonso Pena, com um valor de um terreno na Avenida Bandeirantes", disse o corretor.

A comparação dos valores dos hectares em cada região se fez necessária devido ao conflito entre indígenas e produtores sobre à área da Reserva Buriti. De um lado estão os índios que invadiram as fazendas em 2003 para forçar a demarcação, do outro, estão os produtores rurais que querem que o Governo Federal compre as terras pelo valor já mencionado.

No ano passado, o conflito ganhou dimensão nacional após um índio ser morto durante a desocupação da área. O governador André Puccinelli (PMDB) pediu a presença da Força Nacional de Segurança na região e presidente Dilma Rousseff (PT) prometeu uma solução para o conflito.

No entanto, um ano e meio depois, o Governo federal não aceitou elevar o valor da área e a decisão sobre o valor da indenização deverá ser decidido pela Justiça. Ao parar nos tribunais, a disputa pode se prolongar por anos. Uma ação para ampliar a reserva kadiwéu, por exemplo, demorou 25 anos no Supremo Tribunal Federal.

Nos siga no Google Notícias