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Cidades

"Gato" via satélite de TV por assinatura vira mania

Redação | 29/08/2009 07:34

Na próxima semana, só um "fornecedor" vai distribuir em Campo Grande mais de 4 aparelhos que prometem o fim de mensalidades a quem não abre mão de TV a cabo em casa.

O homem, de 28 anos, que pede para não ser identificado, viajou neste sábado para Ponta Porã, já com a lista de encomendas fechada para compra no Paraguai de aparelhos que captam todos os canais oferecidos por assinatura, mas de graça.

"Comecei comprando para mim, depois um amigo pediu, e assim a coisa foi aumentando", conta o "empresário" do "gato via satélite". O lucro varia de R$ 100,00 a R$ 300,00, diz, por equipamento vendido. "Cada dia aumenta mais o número de gente interessada", comenta.

O primeiro aparelho do tipo a aparecer no Brasil foi o AzBox, que em conjunto com uma antena, passou a captar em residências o sinal que deveria ser transmitido apenas para operadoras de TV por Assinatura. Hoje existe uma série de marcas.

Hoje, são inúmeros modelos, que podem ser comprados até da China, pela Internet. O que não falta é estoque em oferta. Alguns fornecedores aceitam até cartão de crédito, com parcelamento em 12 vezes.

As dicas estão em blogs e até um fórum de discussão foi criado sobre a "inovação". Internautas apontam valores altos cobrados pelas operadoras como argumento para a propaganda da tecnologia. Outros mostram dúvidas se, assim como "gato" de energia e água, os usuários do sistema podem ser punidos.

Pertinho - A proximidade com o Paraguai e as lojas de Pedro Juan Caballero facilitam em Mato Grosso do Sul a troca do serviço oficial pela clandestinidade.

Mas diante das dúvidas sobre o que essa alternativa pode significar perante a lei, entrevistas só são dadas sem nomes.

Um dos compradores, que casou há pouco, montou casa em Campo Grande, contratou empresa de TV a cabo, mas em menos de um ano resolveu suspender o contrato e comprar o aparelho do Paraguai. "Paguei R$ 500 pelo equipamento, o que equivale a 4 meses de assinatura de TV", justifica.

Com a antena pontada para o rumo certo e configurações acertadas por profissionais que prestam esse tipo de trabalho, é possível acessar todos os canais.

Hoje, alguns modelos têm até saída HDMI e conseguem pegar e decodificar sinais de TV de alta definição, mas custam mais caro, até R$ 1 mil.

Como as empresas autorizadas tem códigos que permitem receber os sinais via satélite, a mão de obra para quem optou pelo "gato" é renovação constante desses números.

Para combater a pirataria, as operadoras tem mudado com freqüência os códigos, mas assim que isso ocorre, site disponibilizado aos compradores dos receptores consegue decodificar e passa a nova seqüência aos usuários clandestinos.

Os canais são captados gratuitamente pelo receptor que tem alta capacidade de processamento e memória e foi projetado para receber os canais abertos de televisão disponíveis nos satélites.

Os hackers divulgam pela internet os códigos de acesso aos canais pagos, que estão no satélite Amazonas.

Prejuízo - Neste ano, um grupo de pequenas empresas de TV por assinatura formalizou pela primeira vez queixa a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), solicitando que esta obrigue a Empresa Telefônica, de São Paulo, a adotar alguma medida para evitar que o seu sinal continue a ser pirateado por receptores como os AZBox.

A ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) e Seta (Sindicato das Empresas de TV por Assinatura) foram acionadas no fim de 2008 sobre o risco a clientela das operadoras diante dessa nova tecnologia no mercado, mas até agora não há qualquer forma de bloquear o acesso clandestino.

O que as empresas esperam é que as transmissoras desenvolvam software que feche qualquer possibilidade para os hackers.

Enquanto a solução não aparece, as operadoras temem que a Justiça considere o receptor desbloqueado como inovação tecnológica, e não como produto pirata.

Polícia - Segundo o relações públicas da Polícia Civil, Jéferson Nereu Lupe, quem for flagrado usando tv a cabo de forma clandestina pode responder pelo furto do uso do sinal. Ele explica que o crime é semelhante ao "gato" de energia.

Entretanto, não existe registro na Polícia sobre esse tipo de ocorrência, pois para que algo se configure como crime é necessário que haja vítimas. E, nesse caso, as vítimas são as empresas que administram o sinal.

No entanto, Jéferson admite que é muito difícil comprovar o crime, porque para que alguém seja autuado por isso é necessário que os policiais encontrem o aparelho em funcionamento e a antena virada para o satélite, e confirmem que o usuário não possui liberação para usar o sinal.

Se alguém for flagrado nessas condições, poderá perder o equipamento e responder pelo furto, explica.

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