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Interior

“Meu alimento foi água”, diz ribeirinho que ficou desaparecido no Pantanal

Ele foi encontrado bastante debilitado, pois ficou 13 dias com fome e frio perdido no meio do rio.

Mirian Machado | 01/07/2019 12:19
Sebastião recebendo atendimento médico (Foto: Diário Corumbaense)
Sebastião recebendo atendimento médico (Foto: Diário Corumbaense)

Sebastião Ferreira de 81 anos ficou perdido quase duas semanas no meio do rio no Pantanal sul mato grossense. Ele só foi localizado no ultimo domingo quando conseguiu voltar para casa. Nesse tempo passou frio, fome e medo da morte. “Eu só pensava que iria morrer, pois tinha tentado de várias maneiras retornar, meu alimento nesses últimos dias foi só a água do rio”, disse.

Ao site Diário Corumbaense, internado para realizar exames, ele contou como foram esses dias terríveis em que esteve só nas águas da baía Brava. “Eu ia visitar minha irmã e como ela sempre me cobra para levar peixe, saí para pescar nas proximidades da baía Brava, como de costume, pois conheço muito bem aquela região. Mas quando consegui fisgar algumas piranhas, foi que percebi que o baceiro (vegetação) fechou a baía, me deixando sem saída”, disse. Depois disso ele ainda voltaria para cortar os peixes para então após levar até a irmã.

Sem saída ele ficou apreensivo e tentou retornar para casa, mas estava se afastando cada vez mais. “Eu só pensava que iria morrer, pois tinha tentado de várias maneiras retornar, meu alimento nesses últimos dias foi só a água do rio”, disse.

O idoso ficou tão debilitado que não tinha mais força nem para remar o barco. “Eu pedia tanto para Deus. Já não tinha mais forças. Nem mesmo conseguia dar partida no motor do barco, fui remando bem devagar até que minha sobrinha, que estava me procurando, me viu e foi só alegria”, contou.

Idoso relatando como passou os dias mais terríveis de sua vida (Foto: Diário Corumbaense)
Idoso relatando como passou os dias mais terríveis de sua vida (Foto: Diário Corumbaense)
Médico que atendeu e está cuidando do ribeirinho no pronto socorro (Diário Corumbaense)
Médico que atendeu e está cuidando do ribeirinho no pronto socorro (Diário Corumbaense)

A angustia e medo durou 13 dias. Foram 13 dias dentro do barco. Sebastião ainda descia do barco para tentar se livrar do baceiro, uma das vezes até afundou.

No dia 23, o Corpo de Bombeiros Militar chegou a fazer buscas e utilizou até um drone, mas o pescador não foi localizado. Familiares continuaram com as buscas e foi na manhã de domingo (30) que uma sobrinha o avistou quando ele remava em direção ao Porto Maracangalha.

Após o resgate, ele foi encaminhado pelo Corpo de Bombeiros ao pronto-socorro. O ribeirinho disse ainda que cresceu na região e que essa foi a primeira vez que se perdeu. “Nunca tinha me perdido. Me criei ali e conheço tudo, mas graças a Deus consegui sair e voltar para casa”, completou.

Nesta segunda-feira (1º), Sebastião permanece no pronto-socorro aguardando vaga na Santa Casa, onde ficará internado. Sobre o estado de saúde dele, o médico plantonista, Lauther Serra, disse ao portal que o idoso vai passar por alguns exames ainda.

“Ele chegou com quadro de desnutrição e desidratado. Foi medicado e está em observação, aguardando vaga para internação na Santa Casa. Ainda deverá passar por alguns exames, para ver se há alguma infecção. Ele fez muito bem em se hidratar com bastante água. Essa é a recomendação quando pessoas se perdem, hidratação, água é essencial”, frisou o médico.

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