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Interior

Após escândalo da viatura, Bombeiro cancela cerimônia de troca de comando

Reportagem exclusiva do Campo Grande News mostrou uso de viatura transportando presos para trabalhar em obra particular do ex-comandante da corporação em Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 22/02/2019 09:27
Humberto José Sepa de Matos Filho já comanda o Corpo de Bombeiros em Dourados há quatro dias (Foto: Divulgação)
Humberto José Sepa de Matos Filho já comanda o Corpo de Bombeiros em Dourados há quatro dias (Foto: Divulgação)

Foi cancelada a cerimônia de posse do novo comandante do 2º Grupamento de Bombeiros, marcada para 9h30 desta sexta-feira (22) em Dourados, a 233 km de Campo Grande. O Comando Geral da corporação chegou a distribuir convite para a troca de comando, mas o ato foi cancelado sem que uma justificativa oficial tenha sido divulgada.

No dia 12 deste mês, reportagem exclusiva do Campo Grande News mostrou o uso de uma viatura de resgate do Corpo de Bombeiros para transportar dois internos do regime semiaberto que trabalhavam na reforma de uma casa particular, alugada pelo então comandante, tenente-coronel Flávio Pereira Guimarães.

A saída de Flávio Guimarães do comando do bombeiro já tinha sido anunciada e ocorreria nesta sexta-feira, mas foi antecipada após o escândalo, que virou alvo de investigação do Ministério Público e de sindicância interna do Corpo de Bombeiros.

O novo comandante, tenente-coronel Humberto José Sepa de Matos Filho assumiu o grupamento na segunda-feira (18), em substituição a Flávio Pereira Guimarães, exonerado na semana passada do comando do grupamento e nomeado para comandar o Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) em Dourados.

Na segunda-feira (18), Humberto Matos Filho se reuniu com os oficiais e no dia seguinte fez uma formatura geral com todo o efetivo da unidade. O tenente-coronel já tinha trabalhado em Dourados em 2016, quando ocupou o posto de subcomandante do grupamento.

Natural de Campo Grande, Humberto Matos Filho tem 39 anos e ingressou no Bombeiro Militar em fevereiro de 1998. É formado em engenharia de incêndio e pânico na academia do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e Universidade de Brasília.

Ele tem pós-graduação em gerenciamento da segurança pública na Universidade Estadual de Goiás e bacharelado em engenharia ambiental pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).

Investigação – O Ministério Público de Mato Grosso do Sul instaurou procedimento para investigar irregularidade no uso da viatura para transporte dos internos e na utilização da mão de obra de apenados para serviços particulares.

Pessoas envolvidas no caso, inclusive o autor da reportagem, estão sendo chamados para prestar depoimento ao promotor Ricardo Rotunno, que conduz a investigação.

O Comando Geral também instaurou procedimento administrativo para apurar os fatos. A investigação interna é conduzida pelo major Leandro Moura Marçola, que nesta semana esteve em Dourados para ouvir testemunhas do caso.

Escândalo – No dia 12 deste mês, o Campo Grande News flagrou a unidade de resgate – destinada exclusivamente ao socorro de pessoas feridas – sendo usada para buscar dois internos no presídio semiaberto localizado na estrada de acesso ao distrito de Panambi, a quase 20 km do quartel dos bombeiros.

Os presos não foram levados para o quartel, onde deveriam estar trabalhando, mas para uma casa localizada no Portal de Dourados, bairro nobre da cidade.

No ofício encaminhado à direção do presídio semiaberto de Dourados solicitando liberação dos internos, o comandante informou que os presos iriam fazer reparos no prédio da corporação, localizado na Avenida Presidente Vargas.

Flávio Guimarães confirmou o uso da viatura, mas disse que foi um caso isolado, por necessidade. “Ontem [dia 11] não consegui pegar o carro com minha mulher e pedi para a viatura levá-los de volta ao presídio”.

Segundo ele, a situação se repetiu no dia seguinte porque tinha uma videoconferência com o Comando Geral da corporação no mesmo horário. Flávio Guimarães disse que o diretor do presídio semiaberto, José Nicácio do Nascimento, sabia da situação e prometeu pagar pelo serviço dos internos.

A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) informou que os presos foram liberados apenas para trabalhar no quartel do Corpo de Bombeiros.

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