Após três anos de espera, ONG chega a MS para resgatar leão em Ivinhema
Desde o resgate de Alex, em 2008, ONG procura parceiros para garantir novo lar ao leão Simba, agora Antuak

A ONG Rancho dos Gnomos, que veio para resgatar o leão de Ivinhema chegou de Cotia, interior paulista, à Capital na tarde desta quinta-feira. Com nove integrantes, a equipe é composta por dois veterinários, três biólogos, o casal de fundadores do Rancho, um anestesista e uma pessoas da parte de apoio.
A viagem de Antuak está marcada para começar nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira, mas a fundadora da ONG, Silvia Pompeu já afirmou que o leão não sai do lugar até que situação esteja nos conformes. “Vamos avaliar a situação dele para daí seguir viagem, por isso estamos com toda equipe”, diz.
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Antuak vai ser levado de Ivinhema até Cotia através de uma carreta transporte, içada por um caminhão guincho. A viagem é prevista para acontecer em três dias em um total de 849 quilômetros.
A trajetória vai ser acompanhada de perto por uma equipe do Ibama. A coordenadora do setor de Fauna, Paula Mochel, explica que a medida é para dar mais segurança durante a viagem. “É um procedimento para garantir a a segurança, já que o animal é selvagem”, completa.

Rancho - A rotina de quem vive pelo bem estar dos animais começa cedo. Silvia contou que nesta manhã, enquanto a equipe tomava o café da manhã, entravam em conexão com Antuak. “Foi muito especial, nós fizemos uma meditação e entramos em contato com o Antuak, é uma conexão que já temos com ele”, afirma.
No local vivem 320 animais, 14 felinos de grande, como Antuak. E os pedidos vem do Brasil inteiro e até de fora do país. “Temos solicitação do Equador, Colômbia, por um lado é bom que mostra a conscientização da sociedade”, comenta.
O desejo de dar um novo lar para Antuak começou bem antes da campanha pelo Facebook. Em 2008, durante o resgate do leão Alex, que sofreu maus tratos de um circo, a ONG já tinha conhecimento do leão de Ivinhema, conhecido como Simba.
“Desde essa época que nós procuravamos apoio e era para trazer o casal, a companheira está livre, hoje só temos o Antuak”, diz.
A liberdade a que se refere Silvia é uma forma carinhosa de encarar a morte.
Trajetória - Para chegar até Campo Grande e resgatar o leão, a ONG contou com a campanha lançada pelo Facebook, “Leão Simba também precisa de você”. Com a solidariedade o Rancho conseguiu pouco mais de R$ 20 mil e parceiros que custearam a viagem e toda logística do transporte do felino.
Da parceria o sonho foi chegando cada vez mais perto de se tornar realidade. Um novo lar para Antuak exigiu a colaboração pessoas e empresas. “O mundo não trabalha sozinho. Nós tivemos a parceria institucional do Ibama e de pessoas amigas que nem conhecíamos”.
A ONG ressaltou também o papel da prefeitura de Ivinhema que vai custear a estadia do animal por aproximadamente dois anos, no custo de R$ 24 mil.
“Todos querem se livrar do problema, eles foram diferentes, é a primeira vez que temos esse tipo de apoio de uma prefeitura”, confirma Silvia.

Antes de receber efetivamente o leão no Rancho, a ONG já está preparada espiritualmente para acolher o animal. Segundo a fundadora, o Rancho trabalha com o lado energético. As meditações tem horários das 7h às 12h e às 18h.
“É o momento de se alinhar e não é só pelo animal, mas também em prol da humanidade. Oramos, entoamos mantras. Hoje quando foi o mantra do Antuak sentimos um arrepio, uma emoção é um conexão que temos com ele que já existia. Ele está aqui, mas sabe que está sendo resgatado”, menciona.
A relação da ONG com o animal não pode nem ser comparada entre mãe e filho. Silvia coloca como de irmandade. “Tratamos assim o humano, o animal e vegetal. É disso que o mundo precisa, se tivesse mais irmandade não estaria como está, nem precisaria do Rancho”, considera.
O Rancho tem 20 anos de história e veio de uma forma resumida, a partir de um sentimento de fazer algo pelo mundo animal. Silvia e Marcos Pompeu são casados há 30 anos e tem mais da metade da vida juntos dedicados ao bem estar dos animais.
“Nós tínhamos um plano e o universo outro. De repente mudou tudo. Assistimos um congresso sobre bem estar animal, eu chorei muito, daí sequei as lágrimas e vi que tinha que fazer alguma coisa”, contou Silvia.
O fazer alguma coisa foi bem mais além do imaginável. O casal resolveu vender os bens que tinham herdado e que garantiriam uma aposentadoria com maior tranquilidade, para então investir na boa ação.
“Foi tudo totalmente em prol do trabalho”, conta o casal.
Passados 15 anos, a verba para custear tantos animais foi acabando e o Rancho abriu então espaço para associados. As doações asseguram hoje 60% do custos e o restante vem da fé dos fundadores e dos voluntários que trabalham pela causa. “Vem dos gnomos”, defende Silvia.
Energia - Além do lado material de logística, o Rancho se preocupou em trabalhar o estado de espírito. Junto da equipe que chegou ao Estado, uma bióloga que lida com física quântica.
Andrea Freixeda veio para analisar e corrigir a vibração do animal. “Através dos métodos de homeopatia e florais vamos deixar a energia do leão melhor”, comentou.
Andrea explica que por tudo que o leão já passou, mesmo ele estando bonito e gordo o emocional dele precisa ser trabalhado.
“Estando desregulado vamos emitir a frequencia quântica para corrigir e ele se sentir bem. O leão não sabe o que está recebendo, mas o psicológico dele já muda. A vontade é de querer ajudar, isso é importante acima de tudo”, finaliza.