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Interior

Búfalo “atolado” em rio do Pantanal chama atenção para seca na região

Falta de chuvas muda paisagens e dificulta acesso aos ribeirinhos do baixo Taquari, uma das áreas mais afetadas pela estiagem

Adriano Fernandes e Maressa Mendonça | 04/12/2019 21:42
Búfala ficou atolado ao tentar se refrescar no que sobrou de um lago. (Foto: Silvio de Andrade)
Búfala ficou atolado ao tentar se refrescar no que sobrou de um lago. (Foto: Silvio de Andrade)

Do búfalo que ficou preso na lama no que restou de uma lagoa ao ribeirinho que caminha, por onde antes passava um dos principais rios de Mato Grosso do Sul, a seca no Pantanal segue mudando paisagens e dificultando a rotina de quem vive por lá. O flagrante do animal atolado, próximo ao Rio Abobral é um dos retratos desoladores da estiagem. 

Na região pantaneira de Corumbá até choveu no último final de semana, mas nada que mudasse consideravelmente a paisagem. Na cidade, o baixo nível do rio Paraguai também é um reflexo da falta de chuvas. "Já compromete o escoamento dos minérios de ferro e manganês”, comentou Luciano Leite, presidente do sindicato rural e secretario de desenvolvimento econômico sustentável da cidade. 

Mas, Luciano explica que nenhuma situação é mais crítica do que na região do baixo Taquari, onde o rio está seco por aproximadamente 150 quilômetros. A falta de água também gera prejuízo e torna ainda mais difícil o acesso as cerca de 250 famílias que vivem no local.“O acesso que antes era feito de barco, agora só é feito de veículo, passando pela Estrada Parque, Nhecolandia e a viagem pode durar até 10 horas”, acrescenta. 

Para tentar diminuir o isolamento e atender necessidades mínimas dos moradores, na última terça-feira (03) um mutirão com o apoio do Exército seguiu para o local. Foram levadas para as famílias 230 cestas básicas, além de brinquedos e roupas. Equipes também foram prestar o atendimento médico e odontológico aos moradores.

Leito seco do rio Taquari próximo ao Porto Rolón. (Foto: Reprodução)
Leito seco do rio Taquari próximo ao Porto Rolón. (Foto: Reprodução)

A iniciativa é parte do programa Povo das Águas e reuniu cerca de 22 servidores das secretarias de saúde, cidadania entre outros órgão ligados a prefeitura. Pela primeira vez nas edições do programa, as equipe tiveram de se deslocar por terra para a região do baixo Taquari, devido a seca atípica do rio.

De prontidão - A estiagem também gerou reforço dos bombeiros para o atendimento às queimadas ou até mesmo ribeirinhos em casos de emergência. “Como acesso por terra é muito demorado, todos os pedidos de socorro que envolvem salvamento serão feitos em conjunto com o esquadrão de helicópteros da Marinha”, comentou o sargento Martir, do Corpo de Bombeiro de Corumbá.

Desde novembro, uma aeronave do GOA (Grupamento de Operações Aéreas) dos bombeiros na Capital, também está de prontidão. “O único empecilho é que a região do salvamento precisa ter pista de pouso”, acrescenta.

Sem vida - No baixo Taquari as poças onde os peixes agonizam diante do sol escaldante é o que resta do rio.Água farta mesmo, só na lembrança do ribeirinho e produtor rural Márcio Avellar, dono da fazenda Porto Sagrado na colônia São Domingos.

“O Taquari jogava água nas margens, enchia as bahias e garantia a irrigação das plantações. Mas com o tempo ele parou de transbordar, a maioria dos ribeirinhos vendeu o seu gado e hoje só vive ali quem tem poços artesianos. Dá para atravessar a pé de um lado para o outro”, comenta. Ele também se queixa do isolamento agravado pela seca na região.

“São pelo menos 250 quilômetros até Corumbá e, mesmo de carro temos que sair de manhã para chegar lá à tarde. A falta de água afetou toda a nossa região, comprometeu a produção agrícola, a acessibilidade, mudou toda a configuração de vida de nós ribeirinhos”, lamenta.

Confira abaixo vídeo feito por Avellar no leito seco do Taquari, próximo ao Porto Rolón.

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