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Interior

Chefe da máfia do cigarro fica em presídio que “hospedou” Ronaldinho Gaúcho

Fábio Costa, o “Pingo”, foi preso domingo em Salto del Guairá, na fronteira com MS

Helio de Freitas, de Dourados | 13/10/2020 09:55
Fábio Costa foi preso em operação da polícia paraguaia (Foto: Divulgação)
Fábio Costa foi preso em operação da polícia paraguaia (Foto: Divulgação)

O ex-policial militar de Mato Grosso do Sul Fábio Costa, 42, o “Pingo”, apontado como um dos principais chefes do contrabando de cigarro na fronteira, foi levado para o quartel da Agrupación Especializada, grupo de elite da Polícia Nacional do Paraguai, em Asunción, capital paraguaia.

A cadeia já recebeu presos famosos, entre eles o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, que ficou detido em território paraguaio por seis meses neste ano devido ao uso de passaporte falso.

Também já cumpriram pena na Agrupación Especializada o traficante carioca Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o “Marcelo Piloto”, e o sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão, um dos líderes do crime organizado na linha internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Fábio Costa foi preso domingo em sua mansão no condomínio Sete Quedas, afastado dois quilômetros do centro de Salto del Guairá, cidade vizinha de Mundo Novo (MS), a 476 km de Campo Grande.

Os agentes do Departamento de Luta contra o Crime Organizado, trazidos da capital para a operação chegaram à residência às 11h, mas só prenderam Fábio Costa às 19h. Ele passou oito horas escondido na chaminé da churrasqueira, até ser encontrado e preso.

De acordo com a polícia paraguaia, “Pingo” vai permanecer na cadeia da Agrupación Especializada até ser extraditado para o Brasil, onde figura entre os 26 bandidos mais procurados pelo Ministério da Justiça.

Policiais ouvidos pelo Campo Grande News afirmam que “Pingo” foi preso porque perdeu a maior parte das rotas de contrabando e não tinha mais dinheiro para continuar pagando a propina que o mantinha em liberdade no território paraguaio.

Segundo essas mesmas fontes, o principal indício para comprovar essa tese é a fuga de outro “patrão” da máfia do cigarro, Carlos Alexandre Gouveia, 40, o “Kandu”.

Morador no mesmo condomínio de luxo onde “Pingo” estava, Kandu também foi alvo dos mandados cumpridos domingo, mas conseguiu escapar do cerco policial. Para policiais da fronteira, ele foi informado sobre a operação porque ainda tem dinheiro para bancar a rede de informantes.

"Pingo" em sua mansão em Salto del Guairá quando ainda comandava a máfia do cigarro (Foto: Reprodução)
"Pingo" em sua mansão em Salto del Guairá quando ainda comandava a máfia do cigarro (Foto: Reprodução)

Do ouro ao buraco – Fábio Costa, conhecido como “Pingo” e “Japonês”, foi do topo ao buraco no submundo do crime organizado na fronteira. A imagem do homem fora de forma com cabelo bagunçado e sujo de carvão saindo da chaminé da churrasqueira no momento em que foi preso não lembra nem de longe a imponência que demonstrara até dois anos atrás.

Mesmo processado no Brasil, o ex-PM costumava frequentar festas e cassinos na fronteira ostentando pulseiras, anéis e correntes de ouro “de entortar o pescoço”.

Também patrocinava festas em sua mansão em Salto de Guairá, onde costumava posar para fotos usando as joias, como a imagem acima, em que aparece ao lado da piscina da casa e com boné da Gift, uma das duas marcas de cigarro paraguaio mais vendidas no Brasil atualmente.

O “castelo de cartas” de “Pingo” começou a ruir com a Operação Nepsis, que em setembro de 2018 derrubou o esquema de contrabando e levou para a cadeia boa parte da cúpula da máfia do cigarro, inclusive policiais civis, militares e agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), pagos para deixar as carretas passarem com o cigarro paraguaio.

Incluído na lista dos mais procurados do Brasil no início deste ano, “Pingo” passou a ser alvo de mandado de prisão com validade internacional. Escondido da polícia e nas mãos de autoridades corruptas, não conseguiu reorganizar as rotas e perdeu poder.

Condenado no Brasil a 12 anos de prisão, Fábio Costa foi localizado pela polícia paraguaia em trabalho conjunto com a Polícia Federal do Brasil e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

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