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Interior

Corrupção envolve 4 servidores em Sidrolândia

Dados da investigação mostram possível favorecimento de funcionários do município para "livrar" empresas

Lucia Morel | 25/05/2023 17:00
Policiais do Gaeco em Sidrolândia no último dia 18 de maio. (Foto: Marcos Maluf)
Policiais do Gaeco em Sidrolândia no último dia 18 de maio. (Foto: Marcos Maluf)

Dados da Operação Tromper, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na semana passada em Sidrolândia, a 74 km de Campo Grande, mostram o envolvimento de pelo menos quatro servidores municipais no esquema milionário de corrupção em licitações.

Foram identificados pelo Gaeco, através de quebra de sigilo bancário, que Tiago Basso da Silva, que até 2020 atuou em cargo comissionado como chefe do setor de execuções e fiscalização e atestava as notas fiscais, uma delas identificada em licitação supostamente fraudulenta. Ele também recebeu em sua conta pessoal, R$ 2 mil de uma das empresas envolvidas no esquema, a PC Mallmann (Rocamora).

Outro servidor, Lucas Eduardo Cirino Centurion Nazareth, que era integrante da comissão de licitações, recebeu R$ 4,6 mil de Ueverton da Silva Macedo, um dos investigados como cabeça do esquema, entre outubro de 2020 e outubro de 2021.

Terceiro investigado é o servidor Cesar Bertoldo, cuja quebra de sigilo descobriu o recebimento de R$ 7.490,00 da PC Mallmann (Rocamora). O valor recebido foi transferido tanto para sua conta pessoal quanto para sua conta de pessoa jurídica.

Ele também atestava notas fiscais apresentadas por empresas postulantes a fornecedoras municipais nos certames licitatórios. Em uma de suas atuações, ele atestou nota fiscal de recebimento de sacos de lixo em desacordo com a compra realizada.

Por fim, Robson de Lima Araújo, quarto servidor supostamente envolvido, é investigado porque era o responsável pelo setor de compras de Sidrolândia e realizava as pesquisas de preços para os processos. Segundo o Gaeco, ele realizou levantamento de preços junto às empresas investigadas “ciente de que sequer possuíam capacidade técnica e know how para serem instadas a apresentar orçamento à administração pública”.

Conforme o Gaeco, o recebimento pelos servidores de valores das empresas investigadas “indicam uma possível obtenção de privilégios nas fiscalizações contratuais, além do favorecimento em licitações”.

Além dos nomes já citados, são ainda investigados os proprietários das supostas empresas de fachada: Ricardo José Rocamora Alves, Odinei Romeiro de Oliveira, Evertom Luiz de Souza Luscero, Roberto da Conceição Valençuela.

As seguintes empresas também são investigadas: Rocamora Serviços de Escritório Administrativo Eirelli, Odinei Romeiro de Oliveira-ME (Romeiro Prestadora), Evertom Luiz de Souza Eirelli, R&C Comércio.

A reportagem entrou em contato com um dos investigados que informou que não vai comentar a investigação e que informações já foram repassadas ao Ministério Público. Outros três servidores não foram encontrados.

Dos quatro investigados, Tiago, César e Robson ainda fazem parte do quadro de servidores do município, sendos os dois primeiros comissionados e Robson, efetivo.

Operação – Deflagrada em 18 de maio, a Tromper apura a existência de esquema de corrupção na prefeitura, em funcionamento desde 2017, destinado à obtenção de vantagens ilícitas por meio da prática de crimes de peculato, falsidade ideológica e fraude às licitações, associação criminosa e sonegação fiscal.

Para dar ares de legitimidade aos certames licitatórios e fazer o desvio dos recursos públicos reservados para a execução dos contratos, o grupo criminoso abria empresas ou se aproveitava da existência de cadastramentos para incrementar o objeto social sem que o estabelecimento comercial apresentasse experiência, estrutura ou capacidade técnica para execução do serviço contratado ou fornecimento do material adquirido pelo município.

Empresas alvos da Operação receberam juntas quase R$ 14 milhões dos cofres do município. As empresas investigadas pelo Gaeco são fornecedoras desde a gestão anterior, quando Marcelo Acioli era prefeito. Com contratos milionários, as empresas Rocamora, R&C Comércio Serviços e Manutenção Ltda (R&C Dedetizadora), Evertom Luscero e 3M produtos, receberam R$ 13.727.781,70 no período.

Por sua vez, a PC Mallmann (Rocamora), aberta em maio de 2019, com capital social de R$ 105 mil e cadastrada como de pequeno porte, tem como atividade principal o comércio varejista especializado de equipamentos e suprimentos de informática.

Entretanto, apresenta uma cartela de serviços bem diversificada, são 86, conforme apurado pelo Campo Grande News. Na lista, há manutenção e reparação de geradores, equipamentos hidráulicos, pintura para sinalização em pistas rodoviárias e aeroportos, serviços de pintura em geral, lanternagem, funilaria, lavagem de veículos e venda de peças e acessórios para carros.

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