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Interior

Crueldade contra menina estuprada chocou até funcionários de hospital

Criança morreu antes de passar por cirurgia para reconstrução do períneo; delegada disse que bloqueio de rodovia impediu que denúncia chegasse às autoridades na segunda-feira

Helio de Freitas, de Dourados | 29/07/2016 10:28
Vanilson e Rosiane, tios da menina, estão presos (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News)
Vanilson e Rosiane, tios da menina, estão presos (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News)
Delegada mostra chaleira e escova apreendidos na casa onde menina era torturada (Foto: Sidney Bronka/94 FM)
Delegada mostra chaleira e escova apreendidos na casa onde menina era torturada (Foto: Sidney Bronka/94 FM)

A crueldade contra a criança indígena de três anos de idade que morreu ontem à noite em Dourados, a 233 km de Campo Grande, comoveu até profissionais de saúde do Hospital da Vida, para onde ela foi levada após ser resgatada da casa da tia, na aldeia Bororó. A mulher e o marido estão presos.

O superintendente do hospital, Genivaldo Dias da Silva, disse que médicos, enfermeiros e auxiliares ficaram chocados com tanta violência contra a criança, que morreu na mesa de cirurgia. Ela passaria por um procedimento para reconstrução do períneo, rompido pela violência sexual.

Genivaldo informou que a menina deu entrada no hospital às 10h50 de ontem, com vários hematomas pelo corpo, inclusive no rosto e nos órgãos genitais, e fratura no fêmur.

“Ela passou pela pediatra, pelo cirurgião geral, pelo ortopedista e cirurgião vascular. A criança tinha um quadro grave de desidratação e desnutrição e morreu na mesa de cirurgia às 21h”, afirmou.

A tia da criança, Rosiane Peixoto, 28, e o marido dela, Vanilson Espíndola Argueiro, 28, estão presos, mas negam o crime. Afirmam que os hematomas e fratura foram provocados por uma queda de bicicleta e que os ferimentos nos órgãos genitais foram provocados por uma escova, durante o banho.

Rosiane tinha a guarda da menina desde dezembro do ano passado após a Justiça decidir que a mãe da não tinha condições de cuidar da criança. A menina chegou a ficar um tempo em um abrigo de Dourados até ser entregue para a tia.

Socorro demorou – A titular da Delegacia de Atendimento à Mulher, Paula Ribeiro dos Santos Oruê, disse que o bloqueio da MS-156, feito pelos índios nesta semana em protesto contra a falta de água na reserva, pode ter contribuído para a demora no socorro à criança.

Segundo ela, o posto de saúde da aldeia Bororó foi informado na segunda-feira que a criança passava por maus tratos e estaria desnutrida e desidratada. Entretanto, como os funcionários do local estavam no protesto, “convocados” pelas lideranças da reserva, a denúncia só chegou ao Conselho Tutelar ontem de manhã, um dia após o fim do bloqueio e três depois de chegar ao posto.

A delegada confirmou, em entrevista à rádio Grande FM, que a criança tinha várias marcas de tortura, inclusive queimaduras nas nádegas e na vagina. A tia disse que a criança se queimou com uma chaleira, mas a polícia suspeita que os ferimentos tenham ocorrido durante uma das sessões e tortura.

Segundo a delegada, Rosiane Peixoto confessou que batia na menina porque ela insistia em defecar na roupa. Por isso teria, conforme a versão da acusada, usado uma escova para dar banho na menina.

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