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Interior

Defesa de acusado aponta reviravolta em execução de pecuarista na fronteira

Advogados de Orlando Vendramini afirmam que produtor rural está preso há 106 dias, sem provas

Por Helio de Freitas, de Dourados | 09/05/2025 12:25
Defesa de acusado aponta reviravolta em execução de pecuarista na fronteira
Orlando Vendramini Neto, no dia em que foi preso no Paraguai, em janeiro (Foto: Divulgação)

Um dos crimes de maior repercussão nos últimos tempos na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, o assassinato do produtor rural Valdereis Rodrigues de França, 61, pode ganhar novos rumos nos próximos dias. O crime ocorreu no dia 5 de novembro do ano passado em Sete Quedas, cidade a 468 km de Campo Grande.

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Acusado de mandar matar o pecuarista Valdereis Rodrigues de França, Orlando Vendramini Neto, alega inocência e sua defesa aponta para uma reviravolta no caso. Novas evidências, relacionadas à morte de Denis Garcete, testemunha que incriminava Orlando, levantam dúvidas sobre a versão inicial. Denis foi morto pelo irmão, sobrinho e funcionário de Valdereis, levantando suspeitas sobre a motivação do crime e o real papel de Orlando. A defesa questiona a demora da Justiça e a ausência de provas concretas contra Orlando. Argumenta que a arma do crime não coincide com as registradas em nome de Orlando e que a moto usada pelos pistoleiros estava disponível a qualquer um. Além disso, a defesa indaga a falta de comprovação da suposta dívida de Orlando com Valdereis, apontada como motivação inicial, e a ausência de investigação sobre os pistoleiros. Enquanto isso, Orlando permanece preso há mais de cem dias.

Preso há 106 dias, o pecuarista e ex-presidente do Sindicato Rural de Sete Quedas, Orlando Vendramini Neto, 64, afirma que é inocente da acusação de ser mandante do assassinato.

Quase quatro meses após Orlando ser capturado no Paraguai, a defesa dele decidiu se manifestar nesta sexta-feira (9). Ao Campo Grande News, os advogados afirmam que novas evidências podem levar a uma reviravolta no caso. Também reclamam da demora da Justiça em concluir o processo e apontam ausência de provas incriminando o pecuarista.

O “fato novo” apresentado pela defesa para colocar em dúvida a versão apresentada na investigação policial se refere à prisão de três homens, em 6 de janeiro deste ano.

Os brasileiros Luis Antonio Pedroza de França, o pai dele Washington Luiz de França e o funcionário da família, o paraguaio Gabriel Recalde, foram presos após troca de tiros com policiais paraguaios na linha internacional.

Testemunha eliminada - Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, os três são autores do assassinato do também cidadão paraguaio Denis Barrios Valenzuela, 24. O crime ocorreu no mesmo dia da prisão do trio, em Corpus Christi, povoado paraguaio perto da linha internacional. A vítima também tinha documento brasileiro, com nome de “Denis Garcete da Silva”.

Tanto os autores quanto a vítima têm ligação direta com o episódio envolvendo o assassinato de Valdereis de França. Washington Luiz de França e Luis Antonio Pedroza de França são, respectivamente, irmão e sobrinho do pecuarista assassinado em novembro. Denis Garcete foi a pessoa que acusou Orlando Vendramini Neto de ser o mandante da morte de Valdereis.

Em data não informada, Denis Garcete contou aos familiares de Valdereis de França que Orlando teria contratado os pistoleiros Samuel de Souza Garcete (parente de Denis) e Mario Iguer, para executar Valdereis e seus familiares, tendo inclusive comprado as armas do crime.

O paraguaio teria revelado a Valdereis de França, a Luiz Antonio Pedroza de França, a Washington Luiz de França e a Gabriel Recalde (funcionário da vítima) que todos seriam mortos a mando de Orlando, mostrando a foto das armas que teriam sido compradas para o crime.

Após Valdereis ser assassinado no centro de Sete Quedas, a família dele acusou Orlando como mandante, com base na história contada por Denis Garcete.

Defesa de acusado aponta reviravolta em execução de pecuarista na fronteira
Irmão, sobrinho e funcionário de pecuarista morto, presos em janeiro no Paraguai (Foto: Divulgação)

Reviravolta – Entretanto, para a defesa de Orlando Vendramini Neto, a prisão em flagrante do trio pelo assassinato de Denis causa reviravolta no caso. Os advogados cobram investigação detalhada para esclarecer o motivo de o irmão, o sobrinho e o funcionário de Valdereis terem assassinado a única pessoa que acusava Orlando de ser o mandante do crime ocorrido em novembro.

“A história tomou outro rumo e a versão de Denis começou a ruir, pois um dos pistoleiros apontados por ele na data da execução de Valdereis [Mario Iguer] encontrava-se internado no Hospital da Vida, em Dourados, portanto, não podia ser um dos executores”, afirma a defesa de Orlando Vendramini Neto.

Segundo os advogados, a arma utilizada para matar Valdereis também é completamente diferente das armas que Denis mostrou à polícia como sendo de Orlando.

“A moto utilizada pelos pistoleiros, o que levou a polícia a suspeitar de Orlando Vendramini, segundo narrado pelo frentista do Auto Posto Sete Quedas, pernoitava no pátio do posto com a chave na ignição, ou seja, qualquer pessoa poderia pegá-la. Segundo uma das testemunhas do inquérito, a própria vítima Valdereis esteve no posto para pegar tal moto”, afirma a defesa.

Os defensores do pecuarista afirmam ainda que as armas apreendidas pela Polícia Civil no apartamento e na fazenda de Orlando uma semana após o assassinato de Valdereis, possuem registro e porte e nenhuma delas tinha sido usada recentemente, como demonstrou o laudo da perícia criminal.

Dúvidas – “Alguns pontos ainda não fecham nesta história: Por que a família da vítima não apresentou para a polícia até agora a comprovação de que Orlando devia para Valdereis, já que esta seria a motivação do crime? Por que o sobrinho, o irmão e o funcionário de Valdereis mataram Denis Garcete? Por que a polícia não foi atrás dos pistoleiros que mataram Vadereis?”, questiona a defesa.

Segundo os advogados, enquanto estas perguntas não são respondidas, o ex-presidente do Sindicato Rural de Sete Quedas continua preso, “mesmo sendo inocente”.

Nesta sexta-feira completa um mês que o processo está concluso com o juiz da comarca de Sete Quedas, para manifestação sobre as defesas e designação de audiências. Por ser processo com réu preso, essas providências deveriam ser adotadas o mais urgente possível. A defesa aponta excesso de prazo. Orlando está recolhido no Centro de Triagem, em Campo Grande.

Contas “limpas” – Orlando Vendramini Neto foi preso por agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), no dia 22 de janeiro, no estacionamento de um shopping de Mariano Roque Alonso, cidade na região metropolitana da capital Asunción.

No dia seguinte, ele foi expulso do Paraguai e entregue a policiais brasileiros, em Foz do Iguaçu (PR). Cinco dias depois, foi transferido para Dourados.

Entretanto, os celulares do pecuarista foram apreendidos pela Senad e ficaram em território paraguaio. Se aproveitando da situação, agentes da Senad esvaziaram as contas bancárias do pecuarista. Pelo menos 30 mil dólares foram furtados, segundo denúncia feita pelo advogado dele no Paraguai. No dia 10 de fevereiro, o agente da Senad Víctor Alejandro Miguel Barreto Cárdenas, 25, foi preso acusado de desviar o dinheiro.

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