Dourados já teve 15 mortes e 840 novos casos de covid em agosto
Número de recuperados é quase o dobro de novos casos, mas estudo aponta subnotificação na macrorregião
Dourados, a 233 km de Campo Grande, já confirmou 840 novos casos de covid-19 em agosto. No dia 1º eram 4.325 pessoas infectadas pelo novo coronavírus na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul. Nesta segunda-feira (24), o número de infectados chegou a 5.165, 34 a mais nas últimas 24 horas.
O número de óbitos aumentou quase 30% em agosto. O município tinha 56 mortes no primeiro dia do mês e atualmente tem 71. Quatro óbitos ocorreram entre sexta-feira e ontem – três eram indígenas, onde 248 pessoas já foram infectadas pela doença.
Epicentro da covid-19 em junho, quando assumiu a liderança de casos e de mortes, Dourados passa por período de aparente estabilidade da curva de infectados e já registra neste mês quase 50% de aumento do número de recuperados. No dia 1º deste mês eram 2.997 pessoas curadas e hoje são 4.406, segundo o comitê local de enfrentamento à doença.
Nesta segunda-feira, Dourados tem 46 pessoas com o novo coronavírus internadas em hospitais públicos e privados. São 22 em leitos de UTI, sendo 12 moradores locais e dez moradores de cidades da região. Outras 24 pessoas ocupam leitos de enfermaria – 14 de Dourados e dez de cidades da região.
Subnotificação – Estudo elaborado por pesquisadores da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e da Universidade Federal do Oeste da Bahia, divulgado no fim de semana, aponta subnotificação dos casos na macrorregião de Dourados, formada por 33 municípios.
Segundo o relatório, Vicentina, Nova Andradina e Batayporã estão com taxas acima do dobro da taxa de letalidade estadual. Aral Moreira, Ponta Porã, Laguna Carapã, Amambai, Fátima do Sul, Itaquiraí, Naviraí, Tacuru e Itaporã apresentam taxa de letalidade acima de 1,55%.
“Uma das hipóteses para explicar essas taxas elevadas de letalidade é a baixa quantidade de testagem frente às ocorrências das síndromes gripais e das síndromes respiratórias agudas graves, o que tende a subestimar o denominador da medida de letalidade”, explica o especialista em geografia da saúde, professor da UFGD e doutor em geografia Adeir Archanjo da Mota.
Comparação entre os registros das SRAGs (síndromes respiratórias agudas graves) de julho de 2019 e de julho de 2020 mostra 221 casos no ano passado e 2.367 em todo o Estado no mesmo mês deste ano. O aumento foi de 1.071%.
Foram registrados 473 óbitos por SRAGs em julho de 2020. No mesmo período de 2019 foram 64 mortes. “Isso significa que em 2020 o Estado registrou 409 mortes a mais por SRAGs apenas no mês de julho em relação ao ano anterior”, afirma o relatório.
Até a 33ª Semana Epidemiológica (15 de agosto), Mato Grosso do Sul registrou 1.063 mortes. Foram 631 registradas como SRAGs por covid-19 – uma vez que toda covid quando é agravada apresenta condição clínica de SRAG – e 432 como SRAGs não específicas.
A macrorregião de saúde de Dourados foi responsável por 258 dessas 1.063 mortes por SRAGs, sendo que 258 são atribuídas a “SRAGs não específicas”.
“Só o município de Dourados apresentou 67 óbitos confirmados por covid-19 até 15 de agosto e outras 32 mortes por SRAGs não específicas. Assim, absurdamente, se esses casos não forem de covid-19, existe outro agente etiológico de alta letalidade circulando no Estado. Acredito que isso é quase impossível. As SRAGs omitem a covid-19”, afirmou Archanjo da Mota.