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Interior

Dracco ouve ex-diretor de presídio e policiais penais tentam transferência

Policiais penais foram presos na Operação La Catedral contra corrupção dentro do presídio de Ponta Porã

Dayene Paz | 07/01/2022 17:57
Bebidas que eram comercializadas na penitenciária (Foto: dviulgação / Dracco) 
Bebidas que eram comercializadas na penitenciária (Foto: dviulgação / Dracco)

O Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) realiza oitiva, nesta sexta-feira (07), com Carlos Eduardo Lhopi Jardim, 40 anos, ex-diretor da Unidade Penal Ricardo Brandão em Ponta Porã, a 313 quilômetros de Campo Grande, e os outros policiais penais presos na Operação La Catedral, contra crimes de corrupção.

Além de Carlos Eduardo, foram presos: João Xavier Martins Neto, Justo Aquino Navarro, Luiz Carlos Soto e Maicom Thomaz Corrêa de Alencar. Todos foram encaminhados ao Presídio Militar, em Campo Grande, para serem ouvidos.

Dois deles, João Xavier e Luiz Carlos, de acordo com apurado pelo Campo Grande News, tentaram transferência. A defesa alega que os policiais penais não devem ficar no Presídio Militar, pois a unidade não oferece segurança necessária. A Justiça negou os requerimentos.

A prisão dos investigados é temporária, tem prazo de cinco dias e foi mantida pela Justiça depois de audiência de custódia. A prisão foi pedida pelo Dracco para garantir a eficiência nas investigações, impedindo que provas sejam destruídas ou contaminadas.

Os policiais penais foram presos nesta quinta-feira (06), durante a Operação La Catedral, que descobriu esquema de facilitação para fuga no presídio, além dos policiais penais receberem propina para favorecerem celas regadas a luxo, como entrada de bebidas alcoólicas, carnes (in natura), celulares, chuveiro elétrico e até móveis planejados.

A delegada Ana Cláudia Medina, titular do Dracco, informou que além das oitivas, há analise dos materiais apreendidos. Centenas de bebidas alcoólicas e dinheiro estão na lista. "Os presos temporários passaram por audiência de custódia e estamos fazendo análise do material arrecadado", afirmou ao Campo Grande News.

Momento em que os presos fogem pela porta da frente após render a policial penal (Foto: reprodução / vídeo)
Momento em que os presos fogem pela porta da frente após render a policial penal (Foto: reprodução / vídeo)

Medina ainda explica que, por enquanto, não é possível repassar o teor dos depoimentos, que podem durar até o fim de semana.

La Catedral - As investigações da Operação La Catedral, que prendeu os cinco policiais penais por corrupção, começaram após dois presos fugirem da Unidade Penal Ricardo Brandão pela porta da frente. A fuga “fácil” foi  apenas uma das irregularidades encontradas no presídio durante as apurações.

As imagens de uma das fugas foi divulgada pelo Dracco. O caso aconteceu no dia 2 de fevereiro. Na imagem do próprio sistema de segurança da unidade é possível ver um dos internos se aproximando da policial penal que cuida da "portaria" do presídio e conversar com ela. Os dois conversam por alguns segundos, até que outro preso se aproxima.

Neste momento, o primeiro suspeito rende a policial, a segura pelo pescoço e abre o portão de entrada da unidade. Em seguida, ele e o colega fogem a pé. Essa não foi a única fuga da unidade no ano passado. Dias depois, em 18 de fevereiro, outro interno escapou sozinho. Em julho, trio de presos saiu do presídio, da mesma maneira que os dois primeiros, pela porta da frente. Em outubro e novembro, as fugas misteriosas de presos continuaram. Assista, abaixo, ao vídeo divulgado de uma das fugas.

Chveiro elétrico fazia parte da cela vip (Foto: divulgação / Dracco)
Chveiro elétrico fazia parte da cela vip (Foto: divulgação / Dracco)

Presos - Cinco policiais penais foram presos na operação de ontem. No total, são apurados ao menos 19 crimes cometidos por eles. Entre as infrações estão: o recebimento de propina para facilitar a troca de celas, de regalias, venda de remição de pena, permissão para entrada de bebidas alcoólicas e comercialização no interior da unidade penal.

Também estão entre as infrações, a permissão de entrada de carnes (in natura) no presídio, entrada de drogas e comercialização, entrada de celulares e comercialização, uso para fins particulares de mão de obra ou de serviços prestados na unidade penal pelos presos, celas especiais com projeto de móveis planejados, chuveiro elétrico, alimentação diferenciada dos internos e demais regalias, sem passar por revistas ou vistorias.

Dinheiro apreendido na penitenciária (Foto: divulgação / Dracco)
Dinheiro apreendido na penitenciária (Foto: divulgação / Dracco)

O nome da Operação  faz referência a penitenciária "construída" na Colômbia pelo narcotraficante internacional Pablo Escobar que era cheia de luxos e mordomias.

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