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Interior

Em meio a caos e investigação, secretária troca diretor do Hospital da Vida

Unidade é alvo de apurações devido a falta de estrutura de atendimento e morte por ausência de plantonista

Humberto Marques | 02/09/2019 18:09
HV é referência para Dourados e 332 municípios da região. (Foto: Arquivo)
HV é referência para Dourados e 332 municípios da região. (Foto: Arquivo)

Em meio à crise financeira, problemas no atendimento à população e denúncia sobre ausência de médico durante plantão na maior unidade de saúde do interior de Mato Grosso do Sul, Berenice de Oliveira Machado Souza, secretária de Saúde de Dourados –a 233 km de Campo Grande– confirmou nesta segunda-feira (2) a troca do diretor técnico do Hospital da Vida. Majid Mohamed Ghadie foi substituído por Irineu Renzi Junior.

A medida foi tomada em meio a intervenção do poder público na Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados), criada em 2014 para gerir o HV e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e que amarga dívidas superiores a R$ 20 milhões. O motivo da troca de gestão não foi informado, segundo reportou o Dourados News.

Nos próximos dias, Berenice deve falar ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) em inquérito que apura uma morte ocorrida em plantão no qual não havia médico no HV, nos dias 20 e 21 de julho. A ausência de profissional constava em ofício assinado pelo gerente do hospital, Thiago Tanaka, encaminhado a Maria Izabel de Aguiar, coordenadora da intervenção na Funsaud, e a Majid Ghadie, conforme noticiado pelo Campo Grande News –à época, a falta de médicos foi negada.

Inquérito sob sigilo do MPMS, porém, apura as circunstâncias da morte de Roberto Gonçalves Braga, 34, em 21 de julho, após acidente envolvendo carro e moto. Ele foi encaminhado ao Hospital da Vida. A apuração visa a verificar “uma cadeia de fatos reveladores de uma sucessão de erros administrativos de grossa monta, todos contribuintes, de forma direta ou indireta, para a fatalidade”.

Ofício apontava ausência de plantonista nos dias 20 e 21. (Foto: Arquivo)
Ofício apontava ausência de plantonista nos dias 20 e 21. (Foto: Arquivo)

Depoimentos na investigação apontariam falta de ajuda médica no HV, onde a falta de plantonistas já teria gerado problemas no dia anterior.

O caos no HV foi apontado pela Defensoria Pública em meados de agosto, apontando uma série de deficiências em equipamentos e serviços à população; incluindo demora em exames, internação em corredores e falta de insumos. Em 22 de agosto, porém, apontaram-se melhorias, com troca do sistema de refrigeração e investimentos em equipamentos de esterilização na área de isolamento, bem como reformas em setores como a enfermaria cirúrgica e a remoção de mofo. A inspeção também confirmou a aquisição de medicamentos.

A intervenção na Funsaud teve início em 13 de junho, em meio à falta de recursos para pagamento de fornecedores e profissionais –a empresa que administra as UTIs do HV ameaçou parar de receber pacientes, levando à determinação judicial para manutenção dos serviços no hospital, que é referência para Dourados e outros 33 municípios, em uma população estimada em 800 mil pessoas.

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