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Interior

Em MS, nomeação de interventor em universidade federal completa 1 ano

Hoje faz um ano que ministro da Educação nomeou reitora pro tempore na UFGD, contrariando comunidade acadêmica

Helio de Freitas, de Dourados | 11/06/2020 10:26
Reitora pro tempore Mirlene Damázio (à direita), durante diplomação de estudantes de medicina, já na pandemia (Foto: Arquivo)
Reitora pro tempore Mirlene Damázio (à direita), durante diplomação de estudantes de medicina, já na pandemia (Foto: Arquivo)

Ainda causa polêmica a medida provisória editada nesta semana pelo presidente Jair Bolsonaro autorizando o ministro da Educação Abraham Weintraub a nomear reitores e vice-reitores de universidades federais sem consulta à comunidade acadêmica durante a pandemia do novo coronavírus.

Em Mato Grosso do Sul, no entanto, medida semelhante foi adotada em 2019 e nesta quinta-feira (11) completa um ano: a nomeação da reitora e do vice-reitor pro tempore da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).

No dia 11 de junho de 2019, Abraham Weintraub publicou a nomeação da professora de pedagogia Mirlene Ferreira Macedo Damázio como reitora temporária. Em seguida, ela nomeou Luciano Oliveira Geisenhoff como vice-reitor, também temporário.

Para tomar a medida, Abraham Weintraub ignorou a lista tríplice enviada pela UFGD e elaborada após a eleição interna feita em março do ano passado. Vencedor da consulta prévia, o professor Etienne Biasotto encabeçou a lista, ignorada pelo ministro da Educação.

O MEC alegou que nomeou a reitora temporária porque a lista tríplice estava sendo questionada na Justiça pelo MPF (Ministério Público Federal). Entretanto, o Campo Grande News apurou na época que grupos políticos locais interferiram para impedir a nomeação de Etienne, que é filiado ao Partido dos Trabalhadores.

Em agosto, o juiz Moisés Anderson Costa Rodrigues da Silva, da 1ª Vara Federal em Dourados, reconheceu a validade da lista tríplice. O MPF recorreu. Dois meses depois, o magistrado mandou a UFGD comunicar ao Ministério da Educação que a eleição interna para reitor teve sua validade restaurada. Entretanto, a reitora temporária continua no cargo até hoje.

No segundo semestre do ano passado, Mirlene Damázio enfrentou fortes protestos da comunidade acadêmica. O prédio da reitoria chegou a ser ocupado pelos estudantes. Em setembro, a reitora acionou a Polícia Militar e a Guarda Municipal durante reunião do Couni (Conselho Universitário), gerando mais protestos.

Etienne Biasotto e sua vice, Cláudia Lima, em frente ao prédio da reitoria (Foto: Arquivo)
Etienne Biasotto e sua vice, Cláudia Lima, em frente ao prédio da reitoria (Foto: Arquivo)

Manifesto – Nesta semana, foi lançado manifesto “em defesa da democracia” para protestar contra a reitoria pro tempore na UFGD. “A UFGD completa, em 11 de junho de 2020, um ano sem reitoria eleita democraticamente. Desde então, a universidade está à deriva. Por isso, manifestamo-nos perante toda comunidade sul-mato-grossense, no intuito de demonstrar o descaso do Ministério da Educação em relação à democracia e à autonomia universitária”.

No documento, a comunidade acadêmica cobra do Ministério da Educação que deixe de apresentar recursos na Justiça e aceite a validade da lista tríplice com a nomeação do primeiro colocado na eleição interna.

Nesta quinta, a Aduf Dourados, associação que representa os docentes da UFGD, divulgou protesto nas redes sociais com as mensagens “vaza interventora!”, “um ano de golpe na UFGD” e “reitoria sob intervenção”.

Estudantes durante protesto no prédio da reitoria da UFGD, no ano passado (Foto: Arquivo)
Estudantes durante protesto no prédio da reitoria da UFGD, no ano passado (Foto: Arquivo)


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