Entre descrença e expectativa, moradores acompanham posse de prefeito

Moradores de Terenos, município de pouco mais de 20 mil habitantes a 31 quilômetros de Campo Grande, acompanharam nesta sexta-feira (12) a posse do prefeito interino, Arlindo Landolfi Filho (Republicanos), na Câmara Municipal, ainda sob a repercussão da prisão do prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB) durante a Operação Spotless. Entre surpresa e descrença, os relatos refletem vergonha, preocupação com os serviços básicos e expectativa de que a Justiça dê uma resposta.

Segundo o vidraceiro Cláudio de Souza Brasil, de 53 anos, que mora na cidade há 20 anos, faz tempo que Terenos precisa de uma boa gestão. "Aqui precisa de melhoria e é preciso que o prefeito e os vereadores participem de verdade. Dr. Arlindo pode fazer uma boa gestão, desde que a Câmara colabore. Se ele [Henrique Wancura] deve, tem que pagar; a lei demora, mas julga. Só queria que fosse mais rápido, para que casos assim não aconteçam mais", destacou.

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A autônoma Marli Alves, de 48 anos, também foi acompanhar a posse. "Roubalheira, onde já se viu? Pelo que ouço, ele [Arlindo] é um pouco melhor que o outro. Escuto falar bem dele. Dizem que ele era contra o que o prefeito fazia. Para mim, deveria ter outra eleição, tirar todos, até os vereadores", disse. Ela afirmou que o prefeito afastado retirou todos os médicos da cidade. "E ainda tem gente que vota nesse povo", lamentou.

A enfermeira Cilene Alves da Silva, de 53 anos e moradora há 40 anos, resumiu a frustração de muitos. “Tudo bagunçado! Nunca gostei dele; deixou muito a desejar. Uma roubalheira. Agora, como vai ser? Acho que o doutor Arlindo é bom, mas o certo seria outra gestão. A saúde aqui é terrível. Vim assistir à posse para ver o que eles vão falar, mas fala-se muito e nada se diz. Isso tudo é muito vergonhoso”, reclamou.

A Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) na terça-feira (9), cumpriu 16 mandados de prisão contra o prefeito Henrique Budke, empresários e servidores. Eles são acusados de participação em esquema de fraudes em contratos da Prefeitura de Terenos que somam R$ 15 milhões, envolvendo direcionamento de licitações e pagamento de propina para legitimar serviços não executados.

Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, as provas desta fase surgiram da análise de celulares apreendidos na Operação Velatus, deflagrada em 2024, que já havia identificado fraudes semelhantes.

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