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Interior

Fabrício foi o mais jovem entre os 167 mortos pelo coronavírus no Estado

Mas a família não aceita o diagnóstico da covid-19 como causa da morte de jovem

Maressa Mendonça | 13/07/2020 13:30
Fabrício Nogueira, de 25 anos (Foto: Reprodução/Facebook)
Fabrício Nogueira, de 25 anos (Foto: Reprodução/Facebook)

Como um jovem de apenas 25 anos pode morrer de covid-19? A pergunta tem uma resposta simples, dizem os especialistas: comorbidade. No caso de Fabrício Nogueira, a bronquite asmática agravou o quadro.

O diagnóstico de coronavírus veio no mesmo dia do óbito, na última terça-feira (30), em Camapuã, município distante a 140 quilômetros de Campo Grande. Mas para a família, a causa ainda é difícil de aceitar.

Uma das irmãs do jovem, a cozinheira Valdileny Nogueira, de 39 anos, mais conhecida como Leny, conta que Fabrício sempre teve crises de bronquite e elas ficaram mais acentuadas desde o ano passado, quando o jovem começou a trabalhar em empresa de sementes e tinha de lidar com muita poeira.

A cada crise, o jovem era liberado e só voltava ao trabalho depois de fazer uma inalação e apresentar melhora no quadro.

Uma semana antes da morte, o jovem teve uma crise intensa, procurou atendimento médico no posto de saúde e recebeu medicação para fazer também inalação em casa. Segundo a irmã, na ocasião ele disse que poderia "não aguentar" outra crise daquela intensidade.

Após ser medicado, ele voltou para o serviço de bicicleta e não demorou até ter outra crise em que ficou sem ar. Ele foi socorrido por colegas de serviço e teve uma parada cardiorrespiratória antes de chegar ao hospital.

“Eu recebi a notícia por volta das 11h e não acreditei na hora. Se ele tivesse sofrido um acidente, se estivesse acamado a gente estaria esperando. Mas assim não”, declara.

Segundo Leny, o irmão passou por um teste rápido para detectar a covid-19 e o resultado foi negativo. Com isto, o velório ocorreu com caixão aberto e presença de parentes.

Dez dias depois a família foi procurada pela Secretaria Municipal de Saúde informando que a morte de Fabrício seria o primeiro óbito pela covid-19 em Camapuã, sendo o mais jovem a morrer pela doença em Mato Grosso do Sul.

A explicação para a demora do diagnóstico, segundo a secretaria, foi a "quantidade represada de amostras no Laboratório Central de MS (Lacen) para a divulgação de resultados”. O município pediu autorização para divulgar os dados do rapaz, o que foi negado.

Leny conta que ninguém da família foi testado ou orientando a ficar de quarentena, mas alega que eles já estavam mantendo o isolamento social antes disso. Na certidão de óbito de Fabrício aparece “parada cardíaca” e “bronquite asmática” como fator que contribuiu para a morte. “Não tem nada do coronavírus”, questiona.

A reportagem tentou contato com a titular da pasta, mas ela estava em reunião e não pode atender a ligação.

A assessoria de imprensa confirma que o resultado do teste rápido do rapaz deu negativo, mas informa que ele fez também o “swab”, aquele com o cotonete e considerado referência, neste deu positivo.

Em relação aos questionamentos sobre a testagem de outros parentes da vítima e da orientação sobre a quarenta, o Campo Grande News ainda aguarda resposta.

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