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Falta de água tratada se arrasta desde fevereiro em cidade da fronteira

Em tempo de coronavírus, moradores de Ponta Porã afirmam que não tem água nem para lavar as mãos; “a gente pega água da chuva”

Helio de Freitas, de Dourados | 19/03/2020 11:34
Pia de moradora do Ipê III, em Ponta Porã, cheia de louça suja na manhã de hoje; falta de água se arrasta desde fevereiro (Foto: Direto das Ruas)
Pia de moradora do Ipê III, em Ponta Porã, cheia de louça suja na manhã de hoje; falta de água se arrasta desde fevereiro (Foto: Direto das Ruas)

Enquanto o novo coronavírus contamina o mundo e autoridades de saúde recomendam o tempo todo para a população lavar as mãos como forma de evitar o contágio, moradores de Ponta Porã, cidade a 323 km de Campo Grande, não têm água tratada nem para lavar a louça.

Nesta quinta-feira (19), o Campo Grande News ouviu relatos de moradores da cidade fronteiriça apontando falta de água tratada em vários bairros da cidade, como centro, Ipê, Granja, Alegrete e Residencial Ponta Porã.

Os moradores afirmam que a Sanesul justifica a falta de água alegando “problemas técnicos na rede”, como foi citado no comunicado enviado no final de semana pela assessoria da estatal. Entretanto, o problema se arrasta dia após dia e a solução não aparece.

“Aqui no meu bairro, na região norte da cidade, falta água desde o dia 20 de fevereiro. De lá para cá, teve dia que faltou água totalmente. Depois veio água durante o dia, mas falta a noite e quando vem é fraca, não tem força para subir para a caixa”, afirmou a moradora Flávia, que reside no Ipê III, na região norte.

Baldes usados por moradores de Ponta Porã para pegar água da chuva (Foto: Direto das Ruas)
Baldes usados por moradores de Ponta Porã para pegar água da chuva (Foto: Direto das Ruas)

Segundo ela, a Sanesul sempre divulga comunicados estipulando prazos para resolver o problema, o que não acontece. “Quando vence o prazo eles lançam outro comunicado dando outro prazo. A princípio era problema no poço, depois queimou a bomba de grande profundidade. Quando conseguiram instalar outra bomba, ela queimou também. Agora eu já nem sei mais o que está acontecendo”, afirma Flávia.

Nesta semana a Sanesul informou, através da assessoria, que poderia faltar água das 15h de domingo (14) até às 18h de ontem na área central e nos bairros Planalto, Jardim Ivone, Jardim Independência, Jardim das Oliveiras, Jardim Coimbra, Gui Vilela, Vila Maísa, Kamel Saad, Ipê I e II, Ibirapuera, Carandá e residencial Ponta Porã I e II.

Segundo o comunicado, o sistema de abastecimento seria normalizado a partir das 18h de quarta-feira (18). Flávia, no entanto, afirma que a falta de água continua. “Estou com a pia cheia de louça suja. E o pior é que não podemos nem pegar água no Paraguai porque a fronteira está fechada”, disse a moradora.

Mesmo com a falta constante de água, Flávia diz que a conta enviada pela Sanesul subiu quase 50%. “Passou de 72 reais para 102 mesmo faltando água há quase um mês. Não sei o que passou pelo hidrômetro, mas água não foi”.

Morador mostra torneira seca nesta manhã em Ponta Porã (Foto: Direto das Ruas)
Morador mostra torneira seca nesta manhã em Ponta Porã (Foto: Direto das Ruas)

Oscar da Silva, 36, que mora no bairro da Granja, perto do aeroporto de Ponta Porã, disse que está tomando banho de balde com a água fornecida pelo vizinho, que em poço artesiano.

“Acabou por volta de 9h da noite e até agora não voltou. Hoje, para escovar os dentes e lavar o rosto, pegamos água da chuva”, afirmou Oscar.

Em grupos do aplicativo WhatsApp, moradores de vários bairros reclamam da falta de água em Ponta Porã. “Alguém pode me falar se está com problemas no recebimento da água também? Aqui no centro estamos sem água da rua”, escreveu morador, hoje cedo. “No posto de saúde do Ipê II faz uns três dias que estão sem água. É crítica a situação”, afirmou outro.

No final de fevereiro, o Campo Grande News mostrou a falta de água em 16 bairros da cidade. No dia 28, o prefeito Hélio Peluffo Filho (PSDB) disse que os serviços para reparos na rede seriam concluídos em cinco dias úteis.

“A Sanesul continua remanejando o bombeando de água do poço da região sul para o centro e do centro para o norte, como uma forma de melhorar o fornecimento”, disse o prefeito naquele dia, através da assessoria. Entretanto, os moradores garantem: a falta de água continua.

Sanesul - Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a Sanesul informou hoje que o sistema de abastecimento de Ponta Porã “já está normalizando suas operações”. Segundo a estatal, a expectativa é que o serviço seja normalizado na tarde desta quinta.

“O sistema de abastecimento ficou comprometido por alguns dias devido à queima dos motores das duas bombas do sistema de captação provocada pela descarga elétrica por queda de raios. Embora o incidente imprevisto tenha ocorrido na última semana do mês de fevereiro, equipes da Sanesul não mediram esforços para com revezamento em escalas de trabalho, garantir o bombeamento da água para os bairros mais altos da cidade durante o período de intermitência do abastecimento”, afirma a empresa.

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