Guajajara se esquiva de “ultimato” e pede compreensão para demarcações de terras
Ministra dos Povos Indígenas recebeu um documento cobrando avanços nas demarcações em um prazo de 15 dias
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, enfrentou pressões da comunidade indígena Kaiowá e Guarani para acelerar o processo de demarcação de terras durante a Assembleia-Geral realizada nesta sexta-feira (24) em Caarapó, a 283 quilômetros de Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
O encontro foi marcado por reivindicações, com a entrega de um documento à ministra, estabelecendo um "ultimato" de 15 dias para avançar no processo de demarcação, sob ameaça de intensificação das lutas pela retomada de terras. Guajajara evitou assumir compromissos temporais, enfatizando a falta de poder decisório direto da pasta federal para solucionar os processos de demarcação.
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"Não posso afirmar que esses estudos vão sair em 15 dias, posso afirmar que vamos continuar trabalhando para fazer os estudos e dar os encaminhamentos necessários para retomada dos processos. Não posso pedir nenhum tipo de paciência, mas peço essa compreensão para a gente trabalhar juntos e discutir juntos através das lideranças que vocês vão indicar. Sei que tudo é urgente e que estão enfrentando essa situação há 500 anos, mas não temos o poder de decisão. Tudo depende de articulação com outros poderes e dentro do próprio governo”, declarou a ministra em seu discurso.
Além da urgência na demarcação, os indígenas reivindicaram a formação de grupos de trabalho para identificar áreas e avançar na demarcação de terras já reivindicadas, incluindo localidades em Dourados, Amambai, Iguatemi e Rio Brilhante.
Presente no encontro, o secretário-executivo do ministério dos Povos Indígenas, Eloy Terena, aproveitou para fazer um discurso voltado ao campo político, cobrando que a comunidade escolha candidatos comprometidos com as demandas dos povos indígenas.
"Não podemos só colocar a culpa no executivo, no ministério dos povos indígenas e no presidente Lula, temos de aprender a votar em candidato que tem compromisso com nossas causas", alertou.
Conflitos iminentes - A visita da ministra coincide com um pedido do Sindicato Rural de Iguatemi direcionado nesta sexta-feira (24) a várias instituições, buscando medidas para preservar a "paz no campo".
O sindicato expressou preocupações com o risco iminente de indígenas ocuparem a Fazenda Maringá, assim como outras propriedades identificadas no processo de estudo de demarcação. Desde 2012, a região de Iguatemi enfrenta episódios de conflitos, com um histórico de tensões entre proprietários rurais e comunidades indígenas.
O sindicato encaminhou um ofício a autoridades locais, estaduais e federais, incluindo o governador Eduardo Riedel, órgãos de segurança e representantes da agricultura, destacando o temor dos produtores e seus familiares diante dos próximos acontecimentos.
A região em questão abrange cerca de 40 mil hectares de terras e 46 propriedades rurais, inseridas no processo de estudo de demarcação, tornando-se um ponto focal de tensões entre indígenas e fazendeiros.
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