ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SÁBADO  04    CAMPO GRANDE 32º

Interior

Imprudência de genro de deputada causou acidente fatal em rio, conclui Marinha

Para a investigação, Nivaldo Thiago Filho de Sousa foi o “responsável direto” pela colisão que provocou morte

Anahi Zurutuza | 19/07/2021 17:23
À direita, pai e filho (chapéu branco e boné azul), junto com amigos, pouco antes de embarcar para pescaria (Foto: Direto das Ruas)
À direita, pai e filho (chapéu branco e boné azul), junto com amigos, pouco antes de embarcar para pescaria (Foto: Direto das Ruas)

Imperícia (falta de habilidade) e imprudência de Nivaldo Thiago Filho de Sousa na condução da lancha “Mamba Negra” foram determinantes para a colisão com barco pequeno, na região do Touro Morto, encontros dos rios Miranda e Aquidauana, que provocou a morte de Carlos Américo Duarte, de 59 anos, em tarde de pescaria. A conclusão é da Marinha do Brasil.

Conforme o relatório final, ao qual o Campo Grande News teve acesso, para a Marinha, Nivaldo foi o “responsável direto” pelo acidente porque “conduzia embarcação sem habilitação, em alta velocidade e após ingerir bebida alcoólica”.

Ainda segundo a investigação, Nivaldo Thiago, que é genro da deputada Mara Caseiro (PSDB) e estava com a esposa e filhos na lancha no momento do acidente, “é um infrator costumaz, visto que sempre conduzia a embarcação sem ter os conhecimentos necessários, colocando em risco a segurança da navegação e a vida da própria família”.

Para a Marinha, ele cometeu pelo menos três infrações às normas de tráfego em rios e mares (decreto nº 2.596 de 18 de Maio de 1998). Estão entre as irregularidades as previstas no inciso I do artigo 23, que pune com a suspensão da habilitação por “conduzir embarcação em estado de embriaguez ou após uso de substância entorpecente ou tóxica” e no inciso VII, que prevê multa e também suspensão do direito de pilotar quem trafegar em velocidade superior à permitida.

Por fim, de acordo com a Marinha, Nivaldo equivocou-se na hora de fazer manobra para evitar a colisão com o barco onde estava Carlos Américo. Ele guinou “para o bombordo ao invés de guinar para boroeste”, desta forma, desrespeitou o inciso IV que também prevê multa e cassação temporária da licença de piloto para quem “descumprir Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento no Mar (ou RIPEAM)”.

Nivaldo Thiago é apontado como responsável pelo acidente (Foto: Reprodução das redes sociais)
Nivaldo Thiago é apontado como responsável pelo acidente (Foto: Reprodução das redes sociais)

Impressões – Para o advogado Rodrigo Rolim, contratado pela família da vítima, a Marinha “foi contundente em concluir o dolo do acusado em estar embriagado, alta velocidade, sem habilitação e na contramão do rio“. Ele acredita que o relatório dará o embasamento necessário para a Polícia Civil indiciar Nivaldo por homicídio, usando a tese do dolo eventual (quando alguém assume a intenção de matar).

Já para o advogado João Arnar Ribeiro, que defende Nivaldo Thiago, as conclusões da Marinha não mudam a situação do cliente. “A Marinha faz uma apuração meramente administrativa, a investigação propriamente dita, jurídico-penal, é conduzida pela Polícia Civil, que não sei te dizer em que estágio está. A defesa não reconhece qualquer a eficácia desse relatório, uma vez que ele só tem efeito administrativo, para aplicação de multa, cassação de habilitação”.

A reportagem não conseguiu contato com o delegado responsável para saber do andamento do inquérito.

O acidente – Carlos Duarte fazia parte de grupo de 24 pescadores que chegaram à Pousada Beira-Rio, em Miranda, numa manhã de sábado. Por volta das 12h, ele saiu com o filho Caê Duarte, de 33 anos, em barco conduzido por Rosivaldo Barboza de Lima, piloto profissional e funcionário do hotel, em direção à região do Touro Morto, encontro dos rios Miranda e Aquidauana.

Menos de meia hora após a partida, a embarcação onde estava o trio foi “atropelada” por lancha conduzida por Nivaldo Thiago. Carlão foi atingido em cheio pelo barco maior.

O condutor da lancha fugiu do local sem prestar os primeiros socorros, também segundo relataram pescadores do grupo. Danificado, o barco atingido estava prestes a afundar, mas pai, filho e o piloto foram socorridos por amigos que chegaram ao local minutos após a colisão.

Nivaldo desapareceu, mas após a PM (Polícia Militar) ser chamada e informar outras forças policiais, foi parado em posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-262. O condutor da lancha se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas admitiu aos policiais ter tomado, na manhã de sábado, 4 garrafas de cerveja de 205 ml, conforme registrado em boletim de ocorrência. Testemunhas disseram que logo após a colisão, o homem descartou embalagens de bebidas alcoólicas no rio.

Nos siga no Google Notícias