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Interior

Índios suspendem cerco e tropa de choque da PM deixa área de conflito

Grupo considerado agressivo espera procurador da República para negociar acordo com proprietários da fazenda Santa Maria

Helio de Freitas, de Dourados | 03/08/2017 15:11
Índios que ameaçam invadir fazenda no município de Caarapó (Foto: Divulgação/PM)
Índios que ameaçam invadir fazenda no município de Caarapó (Foto: Divulgação/PM)

A tropa de choque da Polícia Militar deixou no início desta tarde a Fazenda Santa Maria, no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande. Desde domingo, a área de dois mil hectares, vizinha da aldeia Tey Kuê, é alvo de tentativa de invasão por um grupo de índios.

Pelo menos 80 policiais da tropa de choque chegaram ontem (2) ao local, enviados pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública). Os índios se afastaram um pouco da sede e suspenderam temporariamente a ameaça de invasão, segundo policiais que estavam na área.

Segundo o secretário José Carlos Barbosa, a intervenção da tropa de choque ocorreu após relatório da PM e da Força Nacional apontar risco confronto entre índios e funcionários da propriedade.

O comandante da PM em Caarapó, tenente Alan Régis, disse ao Campo Grande News que o próprio capitão da aldeia Tey Kuê afirmou não reconhecer os índios que ameaçam ocupar a sede da fazenda, considerados extremamente agressivos.

“Participamos de uma reunião junto com a Funai, Polícia Federal e Força Nacional. Ficou definida entre Funai e o grupo de indígenas a suspensão das tentativas de invasão até a chegada do procurador da República para a tentativa de um novo acordo, incluindo os proprietários da fazenda”, afirmou o tenente.

Segundo ele, a tropa de choque no local teve a finalidade de prevenir qualquer tipo de confronto. “No momento a situação é tranquila e não houve qualquer embate desde a chegada do choque”, afirmou. Às 15h os policiais começaram a deixar a cidade.

O tenente disse que os índios concordaram em voltar para a área que já ocupavam até domingo. A Força Nacional permanece em Caarapó, onde atua desde junho do ano passado.

Área de conflito – Com 17 propriedades invadidas desde junho do ano passado, o município de Caarapó se tornou um campo de guerra entre índios e fazendeiros após o confronto que terminou com a morte do agente de saúde indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, 26, e com seis índios feridos a tiros.

O confronto ocorreu na fazenda Yvu, invadida dois dias antes, durante tentativa fracassada de um grupo de produtores para despejar os índios. A Justiça Federal determinou a reintegração de posse das áreas, mas a medida foi suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em dezembro do ano passado.

Os fazendeiros Nelson Buainain Filho, Dionei Guedin, Eduardo Tomonaga, o "Japonês", Jesus Camacho e Virgílio Mettifogo foram presos pela Polícia Federal em agosto do ano passado acusados pelo ataque aos índios. Soltos após um habeas corpus do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, eles aguardam o processo em liberdade.

A Funai alega que os índios têm direito às fazendas, que ficariam dentro dos limites da Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I. O território, que inclui uma área total de 55,5 mil hectares nos municípios de Amambai, Caarapó e Laguna Carapã, faz parte do relatório circunstanciado de identificação e delimitação, publicado em maio do ano passado.

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