MPE tenta barrar show de "Koioty é muita luxúria" em aniversário de cidade

O MPE (Ministério Público Estadual) emitiu uma recomendação à prefeitura de Deodápolis, a 252 quilômetros de Campo Grande, para que o órgão cancele o contrato de R$ 44 mil com a banda “Koioty é muita luxúria” para tocar na festa de aniversário da cidade, no próximo dia 13 de maio.
No entendimento do promotor Willian Marra Silva Junior, o artista, que tem em seu repertório músicas como “Invisto no prazer”, “Bumbum no chão” e “Encaixa encaixa”, não tem comprovada “consagração pela crítica especializada ou pela opinião pública”, não se enquadrando nos requisitos da lei para derrubar a necessidade de licitação, “não restando comprovado que a contratação da empresa seja mais vantajosa para administração e que contribua para a cultura local”.
Para embasar o pedido, o órgão afirma ter feito pesquisa na Wikipedia, "muito conhecida em massa e de uso popular no Brasil", diz a recomendação, e sequer encontrou “informações sobre carreira, participações, obras fonográficas e afins”, diz o texto.
Silva Junior chega a citar trechos de músicas de Koioty é muita luxúria para mostrar também que o conteúdo das canções, que envolvem explícitas menções à sexualidade, não seria adequado para o evento, que “comportará a presença de jovens abaixo dos 18 anos”.
Ele ressalta que “lastimavelmente, a participação de adolescentes brasileiros em festividades com conteúdo dessa natureza é banal nos tempos atuais, em que a sexualidade (e ostentação patrimonial) é explorada/encarada como prioridade”.
Além disso, o promotor também questiona o investimento, já que Deodápolis tem apenas uma creche para crianças de 6 meses a 4 anos, “em péssimo estado estrutural, não possuindo sequer refeitório, necessitando ainda de reforma da instalação elétrica, ampliação”. Outro problema urbano que carece de solução é o fornecimento de remédios principalmente para idosos e pavimentação de ruas em estado precário.
Foi concedido prazo de 24 horas para que o município se manifeste se acatará ou não a recomendação.
O Campo Grande News entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura, que até a publicação desta reportagem não encaminhou retorno sobre o assunto. A equipe de reportagem também tentou contato com o prefeito Valdir Sartor, mas ele estava em uma reunião.