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Interior

“Olha o que 'nós faz' com Jack”, diz homem durante tortura no tribunal do crime

Enquanto apanhava, homem negava abuso de criança, mas era confrontado sob acusação de ser "Jack"

Mirian Machado | 13/06/2022 16:02

O vídeo, de pouco mais de um minuto, mostra a sessão de tortura de um homem, de 40 anos, durante ‘julgamento’ no tribunal do crime da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), em Corumbá, a 419 km de Campo Grande. O homem havia sido sentenciado pelo grupo após suspeita de ter estuprado uma criança, mas foi resgatado pela polícia ontem (12).

As imagens, mostram o homem, de roupa azul, sentado, sendo agredido pelo rapaz que faz a gravação. A vítima chega a afirmar que não fez nada, mas é repreendido. “Você fez. Então, porque você estava chorando? Eu vou explodir sua boca de novo”, diz o homem enquanto grava o vídeo.

O rapaz agredido ainda questiona o porquê está sendo feito aquilo com ele e ouve do integrante da quadrilha: “Porque você é 'Jack', louco, você é 'Jack' irmão”. O rapaz pergunta se há provas de que ele fez alguma coisa, momento em que o homem diz que a própria criança é a prova e lhe dá um tapa. “Você é muito sem vergonha”, diz, desferindo outros tapas. “Olha o que nós faz com 'Jack'”, fala.

Em seguida, uma mulher aparece no vídeo mandando-o calar a boca e começa uma série de tapas no rosto, depois o agride com pedaço de pau.

“Vai pra cantoneira e já era. Vamos mostrar seu destino. Inseto”, conclui o homem ao final do vídeo.

Ele acabou sendo resgatado por policiais momentos antes de ser sentenciado pelo grupo criminoso. O caso ocorreu no sábado (11) e só foi registrado no domingo (12).

Crime - Conforme informação policial, o homem foi até uma residência do Bairro Universitário, onde combinou programa sexual com uma mulher. Na casa, estavam duas adultas e uma criança, momento em que uma das mulheres saiu e quando retornou, afirmou ter encontrado sua filha chorando no colo da colega, que era quem faria o programa. A criança teria dito que o homem mostrou o órgão genital a ela.

A mulher que estava com a criança saiu do local por alguns instantes, então, a mãe da criança, que usava tornozeleira eletrônica, e Joilson Junior Gonçalves Soares, conhecido como "Dentinho", iniciaram as agressões contra o suspeito do abuso. Ele foi espancado com um socador de alho, facadas, socos e chutes. Depois, através de um motorista de aplicativo, foi levado para outro local, no Bairro Guatós, onde seria "julgado".

Toda a agressão foi filmada e o vídeo chegou até o coordenador da empresa onde o suposto estuprador trabalhava. Ao ver as imagens, ele acionou a polícia. Como uma das mulheres usava tornozeleira e aparecia no vídeo, a Polícia Militar, com apoio da Polícia Penal, conseguiu localizar o local onde o grupo estava.

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