Presas brasileiras são “abandonadas à própria sorte” na fronteira
Onze presas por tráfico estão no pavilhão feminino do presídio de Pedro Juan Caballero e cobram atendimento do Consulado

Onze brasileiras presas por tráfico estão abandonadas à própria sorte na penitenciária de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande. Elas dividem cela com outras 49 cidadãs paraguaias no pavilhão feminino da cadeia, já que a cidade não possui presídio exclusivo para mulheres.
Em janeiro deste ano, 75 presos, a maioria ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital), fugiram do presídio por um túnel. Diretores e agentes penitenciários foram presos e afastados, acusados de facilitar a fuga. Até agora, só 13 foram recapturados. A cadeia ainda tem 1.770 presos, integrantes do PCC, Comando Vermelho e da facção paraguaia Clã Rotela.
O jornalista e radialista douradense Antonio Coca conversou com algumas presas brasileiras recolhidas em Pedro Juan Caballero, cidade que divide com a vizinha Ponta Porã o título de mais sangrenta da fronteira devido à guerra do crime organizado.
As 11 brasileiras, uma delas grávida – o pai da criança também está na cadeia – foram presas por tráfico de drogas, a principal atividade criminosa na Linha Internacional. Algumas se envolveram influenciadas pelos namorados ou maridos. Outras pelo vício ou para ganhar dinheiro mesmo. Independente do motivo, elas cobram mais apoio do governo brasileiro.
As presas reclamam do descaso da representação do governo brasileiro no Paraguai e afirmam que a pouca ajuda vem das próprias autoridades do país vizinho. “Estamos há um ano e meio esperando eles [representantes do Consulado] aparecerem e quando aparecem é para trazer um xampu, um papel higiênico”, afirmou a presa que se identifico como Carina, oriunda de Campinas (SP).
Veja o vídeo com depoimentos de duas brasileiras presas em Pedro Juan Caballero:
As brasileiras afirmam que, sem apoio do Consulado do Brasil em Pedro Juan Caballero, os processos não andam na Justiça paraguaia, atrasando ainda mais a progressão de regime ou até mesmo eventual absolvição.
Elas dizem que há mais de ano não recebem visita de equipes do Consulado e sequer são acompanhadas nas audiências. Presas paraguaias na mesma situação são julgadas e conseguem progressão de regime enquanto as brasileiras continuam apenas como presas processadas. O Campo Grande News não conseguiu falar com o Consulado brasileiro em Pedro Juan Caballero. (Colaborou Antonio Coca)