Quatro acusados por morte de idoso em cela de delegacia são absolvidos
Crime ocorreu em outubro de 2018 em Dourados; juiz desmembrou processo em relação a outros cinco réus
Quatro réus pelo assassinato de um homem de 73 anos dentro da cela da 1ª Delegacia de Polícia Civil foram absolvidos em julgamento ocorrido nesta quinta-feira (28) em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Acusado de estuprar a neta, Milandro Fernandes, de etnia indígena, foi espancado até a morte pelos companheiros de cela. O crime ocorreu no dia 22 de outubro de 2018.
Inicialmente, 14 pessoas foram autuadas pelo crime, mas apenas dez foram denunciadas pelo Ministério Público. Ao analisar a denúncia, a Justiça rejeitou levar a júri popular um dos acusados. Com isso, apenas oito continuaram respondendo pelo assassinato.
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A pedido da defesa, a Justiça determinou desmembramento do processo em relação aos réus João Victor Dourado Leandro, 25, Cristoffer Roger da Silva, 30, Danilo Roberto Martins dos Santos, 27, Vanilton Duarte de Oliveira, 42, e Victor Matheus Marques Holanda, 20. Com isso, os quatro serão julgados em outra data.
Ontem foram julgados Airton Cáceres, 41, Diego Ferreira da Silva, 27, Edilson de Oliveira Lopes, 41, e Deize Theodoro. O Ministério Público pediu a condenação de Airton e Edilson por participação direta no assassinato e de Deize e Diego por incentivarem as agressões, gritando, da cela vizinha, para que os presos matassem o idoso.
Entretanto, por maioria de votos os jurados acataram a tese da defesa, de que eles não tiveram participação no crime.
Após o resultado, o juiz Eguiliell Ricardo da Silva revogou a prisão preventiva de Deize, que está no Presídio Feminino de Três Lagoas (MS), de Diego e de Airton, os dois presos na PED (Penitenciária de Dourados). Ele também revogou as medidas cautelares aplicadas a Edilson de Oliveira Lopes, que estava em liberdade provisória desde agosto do ano passado.
O caso - Conforme a denúncia do MP, assim que entrou na cela, o idoso foi indagado por Vanilton e Edilson sobre qual crime teria cometido e após insistência revelou que era suspeito de abusar da neta.
Deise e Diego que seriam membros da facção criminosa do PCC (Primeiro Comando da Capital) e estavam em celas ao lado, incitaram os detentos a assassinarem o indígena com dizeres: “Pega ele. Esse cara tem que morrer”, teriam gritado.
João Victor teria iniciado as agressões, em seguida Vanilton e Danilo também passaram a agredir a vítima. Na sequência, João Victor, Danilo e Cristoffer conversaram com Deise e Diego para planejarem a consumação do crime. Ambos detentos da cela 1 estenderam roupas no varal para impedir a captura de imagens da câmera de monitoramento da delegacia e continuaram as agressões.
Após notarem a morte, os internos colocaram a vítima na cama. O crime foi percebido por agentes pouco tempo depois no momento de conferencia de presos. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado e constatou o óbito.