Saúde se engana e garoto com fratura terá que esperar 20 dias por consulta
O garoto indígena de 12 anos, que está com o braço direito quebrado há mais de três meses, não recebeu atendimento na Santa Casa, na última sexta-feira (4), conforme havia previsto a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). O menino, da etnia Kadiwéu, é da Aldeia Alves de Barros, em Bodoquena, a 270 quilômetros de Campo Grande.
A secretaria justificou que os técnicos não sabiam que o setor de Ortopedia da Santa Casa recebe apenas pacientes de urgência e emergência, por isso o menino foi levado ao local em vão e agora aguarda uma consulta no CEM (Centro de Especialidades Médicas) de Aquidauana, marcada para daqui três semanas.
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Na Santa Casa, casos de fratura ocorridas há muito tempo não entram pelo pronto-socorro e as consultas são apenas para quem recebeu o primeiro atendimento pela emergência e está fazendo retorno. A consulta com ortopedista deve ser solicitada pelo município, por meio do Sisreg (Sistema Nacional de Regulação) e o paciente é encaminhado para o Centro de Especialidades Médicas da região.
O prefeito de Porto Murtinho, município que abrange a aldeia, informou que desconhece o caso e afirmou que é de competência da Sesai o atendimento aos indígenas. Já o prefeito Bodoquena, Jun Iti Hada, cidade mais próxima, onde os índios da Alves de Barros têm acesso ao posto de saúde, disse que foi informado de que a situação já havia sido resolvida e o garoto recebia atendimento em Campo Grande.
Nova data - Questionado sobre a informação anterior de que haveria consulta na Santa Casa, o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) da Sesai emitiu segunda nota, explicando a situação. "Devido ao paciente apresentar consolidação do local da fratura e por não se tratar de urgência/emergência, não houve o atendimento nesta ocasião". A consulta está agendada para dia 28 de março, às 6h, segundo o órgão.
"O paciente estuda na escola Lorenço Buckman em regime de internato, na cidade de Aquidauana. A família da criança é moradora da Aldeia Alves de Barros, atendida pelo Polo Base de Bodoquena. A EMSI (Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena) de Bodoquena realiza atendimento de atenção básica na aldeia e acompanha o caso", complementa a nota.
Caso - Três dias depois da queda que causou a fratura e atendimento no posto da cidade, no dia 16 de novembro de 2015, a família do garoto recebeu informação de que uma equipe da Sesai foi buscar o paciente, mas ele não estava na aldeia. Ocorre que os parentes afirmam não ter saído da comunidade e não terem visto nenhum veículo da Sesai por lá, naqueles dias.
Com o tempo, o osso do antebraço do garoto está calcificando e ele conta apenas com medicação oferecida pelo posto da aldeia ou pelo atendimento em Bodoquena. A Sesai garantiu, em nota enviada anteriormente, que fez o atendimento ao garoto, novamente, no dia 4 de dezembro, mas a família do menino não quis ficar na cidade para aguardar a vaga em hospital de Campo Grande. No entanto, o órgão não detalhou o porquê de não ter sido agendada nova consulta entre dezembro e fevereiro.