Falta e alta dos combustíveis na Bolívia levam motoristas a abastecer em Corumbá
Fim dos subsídios e filas nos postos bolivianos invertem fluxo histórico na fronteira com o Brasil
A alta dos preços e a escassez de combustíveis na Bolívia alteraram a dinâmica na fronteira com o Brasil. Antes, moradores de Corumbá e Ladário, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, cruzavam a fronteira para abastecer seus veículos em território boliviano. Nos últimos dias, porém, o movimento se inverteu, e motoristas bolivianos passaram a buscar postos do lado brasileiro.
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Segundo o jornal Diário Corumbaense, a mudança de comportamento ocorreu após o Decreto Supremo nº 5503, assinado pelo presidente boliviano, Rodrigo Paz, que declarou emergência econômica e anunciou um pacote de medidas. Entre elas estão o fim dos subsídios aos combustíveis, vigentes há mais de 20 anos, e a flexibilização do regime cambial. A decisão resultou em aumento de cerca de 86% no preço da gasolina e superior a 160% no diesel, com vigência inicial de seis meses.
Em pronunciamento à imprensa, o presidente afirmou que o objetivo das medidas é reorganizar as finanças públicas. Ele também justificou que o fim dos subsídios permitirá a geração de recursos fiscais adicionais a serem distribuídos entre os governos central e regionais.
Em Corumbá, postos de combustíveis já sentem os reflexos da medida e registram aumento expressivo no número de veículos com placas bolivianas. Um frentista de um dos postos mais movimentados da área central relatou ao Diário Corumbaense crescimento de 30% a 40% na procura por abastecimento nos últimos dias.
Na Bolívia, reportagens da mídia local indicam que alguns postos suspenderam as vendas após tentativas de estocagem de combustível subsidiado. Além da crise no abastecimento, o país enfrenta queda na produção de gás natural, redução das reservas internacionais e escassez de dólares. O decreto autoriza o Banco Central a adotar medidas para garantir liquidez, como a criação de linhas de financiamento, emissão de instrumentos financeiros externos e operações de proteção e swap cambial, instrumento financeiro usado para proteção contra a variação do dólar, com o objetivo de estabilizar a balança de pagamentos.
O pacote inclui ainda um programa de estímulo e proteção a investimentos nacionais e estrangeiros, com promessa de estabilidade jurídica e tributária por até 15 anos. O texto também orienta a transição para um novo regime cambial, o que pode encerrar o câmbio fixo adotado desde 2011, que mantinha o boliviano a 6,96 por dólar, enquanto a cotação no mercado paralelo se aproxima de 10 bolivianos.
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