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Cidades

Mesmo sem prazo, MPE mantém acusação no "Caso Motel"

Redação | 15/01/2008 10:27

Os promotores responsáveis por uma das investigações policiais mais rumorosas de Campo Grande, o "Caso Motel" - como ficou conhecido o assassinato de Murilo Alcalde e Eliane Ortiz, os dois jovens de 21 anos encontrados em um quarto de motel, em junho de 2005 - mantiveram a denúncia contra quatro pessoas acusadas do crime, nas alegações finais apresentadas à Primeira Vara do Tribunal do Júri, onde o processo corre desde agosto daquele ano. O Campo Grande News apurou que a tese foi mantida apesar de, na semana passada, os promotores terem pedido ao juiz do caso, Júlio Roberto Siqueira, mais prazo para a instrução processual, o que foi negado.

Os promotores Clóvis Smaniotto e Jiskia Trentin, integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), alegaram, no pedido de mais prazo, que queriam esperar o depoimento à Justiça da mãe da jovem, Maria Madalena Ortiz, marcado para 19 de fevereiro, em Marechal Rondon, no Paraná. Pediram ainda que fossem autorizadas mais quebras de sigilo. O juiz despachou no dia 11 de janeiro, sexta-feira, dizendo não ao pedido, que já havia sido rejeitado em dezembro, quando Siqueira colocou o caso na fase de alegações finais. Nessa etapa, a acusação é chamada a dar sua palavra final e a defesa a se manifestar.

O despacho do juiz repetiu as críticas que, durante toda a condução do processo, ele tem feito às investigações do MPE (Ministério Público Estadual). Júlio Roberto Siqueira chegou a definir o crime como insolúvel, a permanecer a atual tese dos promotores, que acabou sendo a versão apresentada nas alegações finais. Elas foram apresentadas na segunda-feira, 14 de janeiro, no fim do prazo.

A partir disso, o processo vai para a defesa dos quatro réus e, que têm prazo de cinco dias úteis, cada uma, para se manifestar. Em seguida, o magistrado é quem dá seu veredicto, decidindo se manda ou não os acusados ao júri popular. Pelo andar do processo e por tudo que o juiz disse até agora, o processo pode mesmo virar apenas uma lenda da crônica policial no estado, sem punições.

A mando do tráfico - Pela versão que o Ministério Público defende, as mortes de Murilo e Eliane têm relação com o tráfico de drogas. Os jovens teriam sido mortos a mando do traficante Irio Vilmar Rodrigues. A execução teria ficado a cargo dos policiais militares Adriano de Araújo Mello e Getúlio Moreli. O quarto réu é Ronaldo Vilas Boas, apontado como matador de aluguel, que está foragido.

Os jovens foram encontrados com sinais de asfixia, no quarto do motel. Mas a suspeita é que tenham sido mortos em outro local e os corpos deixados lá. Pela denúncia, Eliane, que era garota de programa na boate Mariza´s, freqüentada por Murilo, estava atuando na venda de drogas, e acabou tendo uma intriga com o traficante e ameaçado denunciá-lo. Murilo, visto algumas vezes com ela, foi confundindo com um informante da polícia, e por isso foi alvo do plano para matá-los.

Desde que os corpos dos dois jovens foram encontrados, a investigação é repleta de polêmcias, que incluem erros primários de investigação, como sumiço de provas. Pelo andar do processo e por tudo que o juiz disse até agora, o processo pode mesmo virar apenas uma lenda da crônica policial no estado, sem punições.

Em entrevista ao Campo Grande News o magistrado disse na semana passada que pretende sentenciar o caso até fevereiro. O MPE poderia ter entrado com algum tipo de recurso na segunda instância, para tentar mais prazo de instrução processual, mas por enquanto não há informações nesse sentido. Os promotores do Gaeco foram procurados, mas não atenderam a reportagem.

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