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Cidades

MS é o 3º em denúncias de abuso a crianças e padrasto é o grande vilão

Lidiane Kober | 19/09/2014 17:32
Menina de dois anos foi supostamente estuprada e morta por padrasto (Foto: Arquivo/familiar)
Menina de dois anos foi supostamente estuprada e morta por padrasto (Foto: Arquivo/familiar)

Com 1.073 denúncias de janeiro a junho deste ano, Mato Grosso do Sul é o terceiro Estado do país com maior número de casos de abuso a crianças e adolescentes. Só nos seis primeiros meses de 2014, foram 234 casos de abuso sexual e 449 de violência física e, segundo especialistas da área, os padrastos são os grandes vilões.

Nos seis primeiros meses de 2014, foram registrados 143,04 denúncias por cada 100 mil habitantes. Para piorar a situação, o índice vem crescendo e, em três anos, o Estado passou da 8ª posição para a 3ª no ranking nacional.

Os dados são do Disque-100 da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A ouvidoria é um de comunicação para a população denunciar violações aos direitos humanos de crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), moradores de rua e índios.

Desde 2011, o Disque-100 recebe denúncias de todo o país. Naquele ano, foram 1.344 casos de abuso contra crianças e adolescentes sul-mato-grossenses. No período, o Estado era o 8ª, com maior número de registros. Em 2012, foram 2.549 denúncias e a 5ª colocação no ranking. No ano passado, com 2.644 denúncias, Mato Grosso do Sul pulou para a quarta posição. Foram 1.127 casos de violência física e 549 de abuso sexual.

Desde 2001, atuando na área de proteção a crianças e adolescentes, a conselheira tutelar Vania Nogueira confirma o aumento das denúncias, principalmente, de abuso sexual e negligência. “Só não sei se a violência aumentou ou se as pessoas passaram a falar mais, as próprias crianças contam os casos na escola e o vizinho está mais atento”, ponderou.

Para ela, os dados são resultado de um conjunto de fatores, que vão de deficiências do Poder Público à família. No quesito família, por exemplo, Vania alertou sobre a importância de alguns cuidados. “Hoje, a maioria dos abusadores são os padrastos, por isso, a mãe, quando arruma um companheiro, não podem confiar 100% em alguém que não é o pai do seu filho”, aconselhou.

Ontem (18), por exemplo, o caso da menina de dois anos, supostamente estuprada e morta pelo padrasto Fernando Floriano Duarte, 33 anos, chocou o Estado. “A situação de ontem foi realmente algo chocante, até mesmo para quem está na área”, comentou a conselheira tutelar.

Além de casos envolvendo os padrastos, Vania relatou o crescimento de registros de negligência. “Temos mães muito jovens e elas querem continuar a vida de solteira”, explicou. Segundo o Disque-100, no primeiro semestre do ano, foram 857 denúncias de negligência, em Mato Grosso do Sul. Em 2013, foram 2.029 casos.

Fora a família, Vania defende mais atenção do Estado às crianças. “O Poder Público precisa ter uma olhar diferenciado para a crianças, investir mais no esporte, educação, cultura e dar estrutura para os órgãos protetores trabalhar”, avaliou.

No Conselho Tutelar da região Norte de Campo Grande, por exemplo, ela citou a dificuldade de atuar diante sistema de dados do Governo Federal, que cai frequentemente. “Perdemos os nossos relatórios”, contou.

Ao mesmo tempo, a conselheira defende uma atuação especial na região de fronteira do Estado e em cidades ribeirinhas. “Imagina quantas crianças devem desaparecer por lá (na fronteira), teria que ter um delegacia especializada”, frisou. Por fim, ela apelou para a população em geral estudar para conhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente e saber dos direitos e deveres.

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