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Cidades

Na Capital, hepatite do tipo C é a mais comum e não tem vacina

Paula Vitorino | 28/07/2011 11:11

Teste rápido da hepatite B quer agilizar diagnóstico. Cuidados na manicure são essenciais para prevenir doença

Hepatite atinge fígado do paciente e pode levar a morte. (Fonte: Ministério da Saúde)
Hepatite atinge fígado do paciente e pode levar a morte. (Fonte: Ministério da Saúde)

Uma das doenças que mais atinge a população brasileira, a hepatite, tem nesta quinta-feira (28) o Dia Mundial de Combate. Os números em todo mundo revelam a alta incidência da doença, que atinge cerca de 400 milhões de pessoas infectadas somente pelo tipo B.

Em Campo Grande, segundo dados da Secretaria de Saúde, a maior incidência é da tipagem C. No ano passado foram 291 casos da doença diagnosticados, sendo 146 do tipo C. Já em 2011, são 160 casos e 71 destes são do tipo C e 75 do tipo B.

A transmissão do tipo C é por contato sanguíneo, como transfusões, dentistas e seringas compartidas. Mas a doença ainda não tem vacina e isso facilidade a propagação da hepatite, que alcança 200 milhões de pessoas em todo o mundo e no Brasil cerca de 3 milhões. Ela é a principal causa de transplantes de fígado.

Já a hepatite B é transmitida principalmente através de relações sexuais e contato sanguíneo. A doença age surdamente no fígado por até 20, 30 anos. Existe tratamento, podendo o paciente conviver com a doença normalmente, mas as curas totais são raras. A vacina é disponibilizada em todas as unidades básicas de saúde pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Nos dois tipos, o quadro de saúde do paciente pode complicar para cirrose, câncer de fígado e até a morte. O maior problema, segundo os órgãos de saúde, é o diagnóstico tardio. Muitos pacientes demoram anos para descobrir a doença.

Teste rápido - Para agilizar o diagnóstico, o Ministério da Saúde está oferecendo capacitação às secretarias de saúde de todos os estados para que comecem a ser aplicados os testes rápidos.

Ainda neste semestre, as unidades começam a realizar o exame em Mato Grosso do Sul. A capacitação já está ocorrendo nos municípios de Três Lagoas, Corumbá, Dourados e Campo Grande, nas sedes dos Centros de Testagem e Acompanhamento (CTAs).

Com o teste rápido, o paciente saberá o resultado do seu diagnóstico em 30 minutos. O exame é feito como uma gota de sangue do dedo, como acontece em outros testes rápidos já existentes - Aids e diabetes. A agilidade e facilidade do exame têm o objetivo de evitar que a doença atinja níveis crônicos, com o tratamento precoce.

Manicure usa luvas para prevenir transmissão de hepatite B e materiais descartéveis. (Foto: João Garrigó)
Manicure usa luvas para prevenir transmissão de hepatite B e materiais descartéveis. (Foto: João Garrigó)

Cuidados - A prevenção da hepatite B é feita com a aplicação de três doses da vacina. A primeira é administrada ao nascer, a segunda ao final do primeiro mês de vida, e a terceira, aos seis meses. A vacina também é oferecida para pessoas na faixa etária de 1 a 19 anos.

A meta de imunização do Ministério da Saúde também é para os grupos de profissionais considerados em risco. A vacina é indicada para profissionais da área de saúde, manicures, tatuadores e outros que exerçam atividade de risco para aquisição do tipo B.

A manicure Juliana Veneri, de 28 anos, sabe dos riscos de contaminação na sua profissão e lembra que tomou a vacina há cerca de um ano. No entanto, a manicure há 17 anos, não lembra se havia sido imunizada anteriormente.

Mas além do risco de contaminação para os profissionais, a doença também exige cuidados essenciais para prevenir a transmissão também aos clientes. A manicure frisa que sempre usa luvas e máscaras para se proteger, mas também materiais esterilizados e descartáveis para a proteção dos clientes.

“Nossos materiais são todos descartáveis, desde a lixa de unha e o palito. Os utensílios são todos esterilizados. Não se usa mais bacia com água, agora a pessoa coloca o pé no saquinho, com creme e depois este saco é jogado fora. Tem que prevenir”, ensina.

Ela ainda complementa ensinando que apenas colocar os materiais na estufa não é suficiente. “Tem que lavar, secar, passar o material próprio e só depois colocar na estufa”, detalha.

A manicure ressalta que não vale a pena tentar economizar e negligenciar os cuidados, já que o prejuízo com a clientela é maior e a fiscalização da vigilância sanitária é acirrada. “Estou neste salão há um mês e a fiscalização já veio aqui. Eles olham tudo”, conta.

Para a manicure, todos os cuidados são essenciais, no entanto, os profissionais de manicure muitas vezes são responsabilizados injustamente e a aparência de alguns estabelecimentos acaba enganando.

“Todo mundo faz um terror também. Parece que a culpa de ainda existir a hepatite é das manicures. Não é assim, a contaminação acontece em muitas outras formas e também é um mito dizer que só porque o salão é chique não tem perigo, tem sim”, destaca.

Tipos - A hepatite é dividida entre os tipos A, B, C, D, E e também já existem registros dos F e G. A tipagem A é transmitida normalmente através de alimentos ou contato pessoal. Vem e dura aproximadamente 1 mês, sendo uma infecção leve e cura sozinha. Existe vacina.

O tipo D ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. Em pacientes cronicamente infectados pelo vírus da hepatite B, a infecção concomitante com o VHD acelera a progressão da doença crônica. A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infecção com a hepatite D.

Já a hepatite E é causada pelo vírus da hepatite E (VHE) e transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral). A doença não se torna crônica, mas mulheres grávidas que foram infectadas pelo vírus podem apresentar formas mais graves da doença. Hábitos de higiene adequados e controle da qualidade da água utilizada pelas pessoas podem evitar o contato com esse vírus.

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