Na volta às aulas, bebedouro é ‘vilão’ e vigilância alerta sobre a hepatite A
Principal forma de transmissão da doença é a saliva, fezes e condições de higiene
A volta às aulas vem carregada de preocupações, que abrangem da compra de material escolar aos cuidados com a saúde das crianças e adolescentes. No fim de 2017 e início deste ano, surtos de hepatite A foram notificados em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Campo Grande não vive epidemia de doenças virais, nem da hepatite A, mas o retorno ao ambiente escolar tem de ser sinônimo de precaução.
A principal forma de transmissão da doença é a saliva, fezes e condições de higiene. Na escola, o vilão, por exemplo, é o bebedouro.
A hepatite é uma inflamação aguda no fígado, que pode ser causada por vírus, bactérias, agentes tóxicos, como o álcool e até medicação. Há também a hepatite autoimune, que a pessoa desenvolve naturalmente.
De acordo com a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) Mariah Barros, do ponto de vista clínico, não há muita diferença entre as hepatites A, B, C e D, que são transmitidas por vírus, porém a primeira pode ser encontrada, principalmente, em pacientes menores de 15 anos, ou seja, em idade escolar.
Como se trata de um vírus com longo período longo de incubação, de 30 a 45 dias, a maior parte dos pacientes são assintomáticos, porém quando os sinais aparecem os pacientes costumam apresentar febre, calafrios e fraqueza generalizada. Mariah pontua que o vírus da hepatite A é encontrado nas fezes de pessoas contaminadas.
“Ela é transmitida através da boca, o vírus entra pela boca e sai pelas fezes. Ela é muito ligada a condições de higiene. Em locais com esgoto a céu aberto, por exemplo favelas, a situação é de maior risco. Já os escolares que dividem o mesmo copo ou até mesmo encostam a boca no bebedouro”, explica.
A coordenadora ressalta que pacientes com Hepatite A, além de não poder compartilhar talheres ou copos, precisam jogar hipoclorito de sódio nas fezes, antes da descarga. O composto químico inativa o vírus.
O tratamento envolve o uso de analgésicos e remédios para controle de náuseas e vômitos e pode ser encontrado em qualquer unidade de Campo Grande. Segundo a coordenadora, o último surto ocorrido em Campo Grande surgiu na antiga favela Cidade de Deus, em 2014. Houve um caso em 2016 e 2017.
Vacinação - Existe vacina para a hepatite A, disponível gratuitamente na rede pública de saúde para crianças entre 1 e 2 anos de idade. Na rede privada, é possível encontrar a vacina contra hepatite A inclusive para adultos.
Orientações
-Bicos de mamadeiras devem estar protegidos
- Casas devem ter tratamento de esgoto
-Na ausência do tratamento do esgoto, as fossas devem estar bem fechadas
-Lavar as mãos constantemente
-Usar garrafas de água individuais