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Cidades

Notícia corre e mais invasores lotam acampamento

Redação | 16/10/2010 11:19

Nesta manhã aumenta o número de famílias que ocupam irregularmente o terreno vizinho ao Residencial Iguatemi, no bairro Nova Lima, saída para Cuiabá. Além das pessoas que tinham invadido as casas populares e foram retiradas por decisão judicial, outras famílias que moram de aluguel nas proximidades do local chegam ao terreno e armam suas barracas. A invasão teve início no final da tarde de ontem (15), mas por volta das 10h de hoje mais gente se instalava no lugar.

Marilene de Souza, 31 anos, e o marido, Raimundo Nonato de Freitas, 50, armaram barraca no terreno e estão instalados com seus quatro filhos. Eles não participaram da invasão das casas populares do Iguatemi, mas alegam que não querem mais pagar aluguel.

"A gente paga 350 reais de aluguel de uma casa aqui pertinho. Não queremos mais pagar, a gente quer uma casa nossa também", disse Marilene. Raimundo explica que a casa em que eles moravam ainda está alugada e que a porta está estragada, por isso, durante o dia ficará no terreno e à noite, eles planejam dormir na residência onde ainda estão os móveis e pertences do casal. "A gente vai ficar aqui enquanto não conseguir a casa", afirmou. Eles mostram a inscrição na Agehab (Agência Estadual de Habitação), que fizeram há pouco mais de um ano, ainda sem resposta positiva.

A mesma situação é a de Patrícia Colman Carvalho Libório, 31 anos. Ela também morava em uma casa alugada próxima ao Residencial Iguatemi, e quando soube da ocupação do terreno vizinho, foi ao local na tentativa de se livrar do aluguel. "Eu estou esperando chegar mais lona para arrumar meu barraco e vou morar aqui, não consigo pagar meu aluguel sozinha e meu marido tem problema de visão. Ele não consegue se aposentar", reclama Patrícia que diz que vai ficar no terreno com marido e três filhos.

Notícia correQuanto mais a notícia da invasão percorre as proximidades do Residencial Iguatemi, mais gente tem a mesma ideia. Isabel Torrico Ramez, 50 anos, chegou ao terreno depois das 10h. "Estou vindo primeiro para ver onde eu vou colocar a barraca, mas daqui a pouco já trago as minhas coisas. Também não quero pagar aluguel e quero uma casa", afirmou.

Enquanto isso, as pessoas que já estão no movimento desde o início, negociam o espaço. Os indígenas, da etnia terena, que também estão no local, pedem para serem separados dos "brancos". "Não é preconceito. Índio gosta de ficar junto", explica a terena Carmen Lemes Barbosa, 40 anos. No entanto, surgiu um atrito, pois, algumas barracas já haviam sido montadas de forma espalhada, impedindo a divisão solicitada pelos índios.

Maria Luíza Rodrigues Martins, 30 anos, que havia ocupado a casa que foi incendiada na quarta-feira (13) no Iguatemi, permanece junto aos invasores. Para ela, a presença de mais famílias pode prejudicar quem está no movimento desde a ocupação do residencial. "Tem muita gente que está chegando agora aqui e nem acompanhou tudo. Gente que quer se aproveitar da nossa situação e vai acabar atrapalhando a gente", disse. Maria tem seis filhos e o incêndio da sua casa foi o estopim para a decisão do juiz de reintegração de posse e o despejo imediato dos invasores, segundo ela quem ateou fogo no imóvel foi o marido, por não aceitar a separação.

Incomodados - Para a vizinha do terreno e moradora do Iguatemi, que pediu para não ser identificada,, "a maioria dessas pessoas não precisa de casa". Ela conta que conhece alguns dos invasores que tinham casa e venderam. "Tem gente que tem moto, carro, vendeu a casa popular por dois mil reais e agora estão tentando se aproveitar", afirmou destacando que "existe quem precisa e quem não precisa".

A menos de uma quadra do terreno, Beatriz Paz, de 46 anos, reclama da presença dos invasores. "Alguém tem que fazer alguma coisa com esse povo. Tem muitos usuários de drogas, assaltantes, que estão entrando aí e ficando. Minha casa já foi assaltada e a noite eles ficam rondando aqui". Ela afirma que mora no local há quatro anos e que tem medo pelos filhos que tem de evitar sair de casa.

"Tem gente que precisa de casa, mas está chegando cada vez mais pessoas que não tem o que fazer, que querem baderna. O poder público tem que tomar uma atitude, fazer um levantamento de quem são essas pessoas, porque a gente não sabe", disse Beatriz.

(Colaborou Ana Maria Assis)

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