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Cidades

Ocorrência vira tumulto e PMs são acusados de agressão

Redação | 27/12/2007 14:15

A Polícia Civil em Maracaju abriu inquérito nesta quinta-feira (27 de dezembro) para apurar uma confusão envolvendo dois policiais militares, um casal e uma mulher, ocorrida no dia de Natal, durante uma diligência da equipe para averigurar a denúncia de que haveria uma pessoa armada na Vila Margarida, onde moram as pessoas. Elas afirmam ter sido agredidas pelos policiais, no local do fato e no quartel da PM. Já os policiais, no relatório apresentado na delegacia, disseram que, ao contrário, foram vítimas de desacato e de agressões.

As versões são contrastantes e por isso o delegado de Polícia Civil de Maracaju, Edmar Batistela, decidiu abrir o inquérito para apurar o caso que, em outras circunstâncias, poderia gerar apenas um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), instrumento usado para casos que são resolvidos nos juizados especiais criminais.

O episódio envolve os policiais de Maracaju Cleber Aguillera, soldado, e o cabo identificado apenas como Sapata. Segundo o registro feito por eles, a equipe foi chamada por volta das 22h de segunda-feira diante da informação de que haveria uma pessoa armada com um facão no bairro Margarida. No local, segundo informaram no boletim de ocorrências, não encontraram ninguém, mas foram recebidos por Dinalva Gonçalves Cardoso, de 25 anos, tia do suspeito de estar armado, seguidos de Celene Cote Lima, 27 anos, sobrinha de Dinalva, e do marido dela, Walmir Pereira Cardoso, 42 anos.

Conforme o relato dos policiais, as duas mulheres chegaram agredindo verbalmente a equipe, que deu voz de prisão por desacato a Celene. Em seguida, teria ocorrido uma briga generalizada, e, de acordo com os policiais chegou a ser necessário o uso de cacetetes e o disparo de um tiro para "conter os agressores".

Outra história - A versão de Dinalva e Walmir é bem diferente. Eles dizem que principalmente o policial Aguilera já chegou ao local exaltado e que as agressões foram gratuitas. O mais grave, segundo o que o casal conta, é o fato de terem sido espancados na viatura da PM e ainda no quartel da corporação. "Eles nos agrediram separadamente, para que um não visse o outro apanhando", afirmaram ao Campo Grande News marido e mulher. O casal diz estar com vários hematomas em razão das agressões.

Walmir, o policial Aguilera e Dinalva precisaram ser atendidos no hospital municipal de Maracaju. Walmir, que levou pontos por causa de dois cortes sofridos no rosto, teve de passar a noite de 25 de dezembro para 26 no estabelecimento de saúde. O exame feito pelos médicos que atendeu os três será usado como prova durante o inquérito, aberto para apurar lesão corporal.

O delegado que cuida do caso diz que, por enquanto, não há como saber quem tem a versão correta. Segundo ele, num caso de desacato, como foi registrado inicialmente pela PM, o usual seria fazer apenas um TCO e enviar o caso para o juizado especial criminal. O caso de lesão corporal também poderia ser resolvido no juizado, mas como existem versões tão conflitantes, ele decidiu abrir inquérito.

Sobre o fato de os policiais terem levado as pessoas para o quartel da PM e não para a delegacia de Polícia Civl, o delegado diz que, na cidade, costuma ser o procedimento padrão, até por conta da falta de estrutura para que os policiais militares façam na unidade da Civil o relatório da ocorrência. "Normalmente eles passam antes na PM e depois vêm para a delegacia", explicou.

Procurado, o setor de relações públicas da PM informou que, se houve conduta irregular dos policiais, ela será investigada, desde que as vítimas apresentem denúncia à Corregedoria da PM. Um dos policiais envolvidos no episódio, Cleber Aguilera, aparece como parte em seis processos que correm na justiça estadual. Em quatro deles é réu: por homicídio doloso, lesão corporal, abuso de autoridade e agressão. Em março do ano passado, ele foi acusado de agredir o vigia Evaldo Espíndola por conta de uma confusão envolvendo o sumiço de um celular. O homem ficou com hematomas nos dois olhos, como as vítimas atuais, sofreu um corte na boca e ainda levou pancadas pelo corpo.

Um advogado já foi contatado pelas três pessoas e informou que vai representar contra os policiais e ainda mover ação por danos morais. Ninguém prestou depoimento ainda à Polícia Civil sobre o caso, o que deve ocorrer ao longo da semana, como informou o delegado.

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